PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Papa Bento XVI fala sobre Edith Stein‏

L'OSSERVATORE ROMANO EDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS

Bento XVI recordou o martírio de Edith Stein e de Maximiliano Kolbe nos lagers nazistas

Os santos mostram o verdadeiro

rosto de Deus e do homem

No domingo, 9 de Agosto, recitando a

oração mariana do Angelus com os fiéis

em Castel Gandolfo, o Papa falou do

martírio de Edith Stein e de

Maximiliano Kolbe, e recordou que

quando o homem se esquece de Deus e se

substitui a Ele, abre-se na terra o

inferno. Foi o que aconteceu nos lagers

nazistas e em todos os campos de

extermínio.

Queridos irmãos e irmãs!

Como no domingo passado, também

hoje – no contexto do Ano sacerdotal

que estamos a celebrar – nos detemos

a meditar sobre alguns Santos e Santas

que a liturgia recorda nestes dias. Excepto

a virgem Clara de Assis, fervorosa

de amor divino na oblação quotidiana

da oração e da vida comum, os

outros são mártires, dois dos quais

mortos no lager de Auschwitz: santa

Teresa Benedita da Cruz – Edith

Stein, que, tendo nascido na fé judaica

e conquistada por Cristo em idade

adulta, se tornou monja carmelita e selou

a sua existência com o martírio; e

São Maximiliano Kolbe, filho da Polónia

e de São Francisco de Assis, grande

apóstolo de Maria Imaculada. Encontraremos

depois outras figuras maravilhosas

de mártires da Igreja de

Roma, como São Ponciano Papa, Santo

Hipólito sacerdote e São Lourenço

diácono. Que excelentes modelos de

santidade nos propõe a Igreja! Estes

santos são testemunhas daquela caridade

que ama «até ao fim», e não tem

em consideração o mal recebido, mas

combate-o com o bem (cf. 1 Cor 13, 4-

8). Deles podemos aprender, sobretudo

nós, sacerdotes, o heroísmo evangélico

que nos estimula, sem nada temer, a

dar a vida pela salvação das almas. O

amor vence a morte!

Todos os santos, mas sobretudo os

mártires, são testemunhas de Deus,

que é Amor: Deus caritas est. Os lagers

nazistas, como qualquer campo de extermínio,

podem ser considerados símbolos

extremos do mal, do inferno que

se abre sobre a terra quando o homem

esquece Deus e se substitui a Ele, usurpando-

lhe o direito de decidir o que é

bem e o que é mal, de dar a vida e a

morte. Mas infelizmente este triste fenómeno

não se limita aos lagers. Eles

são antes a ponta culminante de uma

realidade ampla e difundida, muitas

vezes com confins fugazes. Os santos,

que recordei brevemente, fazem-nos

reflectir sobre as divergências profundas

que existem entre o humanismo

ateu e o humanismo cristão; uma antítese

que atravessa toda a história, mas

que no final do segundo milénio, com

o niilismo contemporâneo, chegou a

um ponto crucial, como grandes letrados

e pensadores compreenderam, e

como os acontecimentos demonstraram

amplamente. Por um lado, há filosofias

e ideologias, mas há também cada vez

mais formas de pensar e de agir, que

exaltam a liberdade como único princípio

do homem, em alternativa a

Deus, e deste modo transformam o homem

num deus, mas trata-se de um

deus errado, que faz da arbitrariedade

o próprio sistema de comportamento.

Por outro lado, temos precisamente os

santos, que, praticando o Evangelho

da caridade, dizem o motivo da sua

esperança; eles mostram o verdadeiro

rosto de Deus, que é Amor e, ao mesmo

tempo, o rosto autêntico do homem,

criado à imagem e semelhança

divina.

Queridos irmãos e irmãs, peçamos à

Virgem Maria, para que nos ajude a

todos – em primeiro lugar aos sacerdotes

– a serem santos como estas heróicas

testemunhas da fé e da dedicação

de si até ao martírio. Este é o único

modo para oferecer às realidades humanas

e espirituais, que a crise profunda

do mundo contemporâneo suscita,

uma resposta credível e completa: a da

caridade na verdade.

(Este material nos foi enviado por J. R. Brandão a quem queremos agradecer).

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