PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

domingo, 19 de setembro de 2010

A pessoa humana no pensamento de Edith Stein

Gabriel Mauro da Silva Rosa

gabrielmdsr@yahoo.com.br

É uma grande alegria poder refletir um pouco sobre o pensamento antropológico filosófico de Santa Teresa Benedita da Cruz, mais conhecida no meio acadêmico como Edith Stein, ela, que é modelo para os intelectuais do mundo inteiro, que vivem uma busca constante da VERDADE, que para nós é o CRISTO, caminho e vida. Edith Stein também é um modelo para os religiosos e educadores. E para entendermos a riqueza de seu pensamento antropológico filosófico, é necessário fazer um breve percurso por sua vida pessoal, assinalando os pontos que contribuíram na sua experiência antropológica. Comecemos desde seus primeiros passos.

Stein provém de uma família judia profundamente religiosa. A mãe, Sra. Auguste, é um espelho de virtudes. Com a morte do esposo, Sr. Siengfreld Stein, ela assume o comércio de madeira, ofício que era exercido pelo falecido marido. Com isso, Edith vê que uma mulher também pode ter uma profissão (levemos em conta o período em que Edith viveu sécs. XIX e XX, épocas em que a mulher tinha poucos direitos, como o de votar e o de trabalhar). A filósofa também passa por várias crises pessoais, inclusive em relação à fé, declarando-se ateia até os vinte e um anos de idade.

A família teve um papel muito importante na sua formação. Aprendeu com a mãe e com os irmãos mais velhos, várias virtudes. Isso influenciará na sua educação e no seu caráter, visto que mais tarde trabalhará como professora, no colégio das Dominicanas, em Espira. Sua personalidade é moldada na FAMÍLIA (vejamos como é importante o papel da família na sociedade e na formação de nosso caráter). Aos 15 anos abandona os estudos, pois segundo ela, eles não lhe oferecem as respostas que tanto busca. Não a está ensinando viver. Ela pergunta a si mesma: Que sentido tem ir à escola? Em suma, o período da adolescência é marcado por crises interiores.

Stein vive uma busca incessante da VERDADE, e por isso, retorna a escola.

Em 1910 ingressa na chamada Universidade de Breslau. Edith impressiona por sua grandeza intelectual e sua rara inteligência (quem lê seus escritos sente a vivacidade de sua sabedoria e de seu caráter). Vive com intensidade: luta pelos direitos da mulher e opta pelas questões políticas. Mais tarde, abandona o curso de psicologia, pois no fundo, ela partia da concepção da pessoa sem alma. Para Edith, o curso ainda estava “nas fraldas”. Ela não podia aceitar essa visão reducionista do ente humano, já que ela tem um carinho muito especial por esta parte da estrutura humana. Por sorte, a filósofa encontra citações das “Pesquisas Lógicas” de Edmund Husserl, pai da fenomenologia. Atraída por ele e por esta famosa corrente, transfere-se para a Universidade de Gottingen, onde se encontra o chamado Círculo de Gottingen, constituído pelo mestre Husserl e seus discípulos: Adolf Reinach, Max Scheler, Alexandre Pfander, Hedwig Conrad-Martius, Jean Hering, Heidegger e vários outros discípulos. Stein apaixona-se pela chamada Einfuhlung (empatia) que Husserl emprega no curso “Natureza e espírito”.

Faz sua tese de doutorado sobre a empatia, conquistando nota máxima. Esta será importante na constituição de suas reflexões, desde fenomenóloga até intelectual cristã. Não podemos deixar de citar que Edith trabalhou como enfermeira, que mais do que na Universidade, a levou a ter uma experiência pessoal do verdadeiro valor da pessoa humana. Também não podemos deixar de assinalar que o período em que viveu a judia-cristã, é o período marcado pela primeira guerra mundial. A humanidade não conhece o valor da pessoa humana e por isso faz guerra! Se ela conhecesse o que realmente é o homem, talvez respeitasse melhor sua dignidade. Isso acelera ainda mais a busca de Edith pela VERDADE.

Edith, que se declarou ateia até os vinte e um anos, teve várias experiências religiosas e aos poucos foi se convertendo. Numa noite (etapa decisiva de sua conversão), visitando a biblioteca de sua amiga (e com o batismo se torna sua madrinha), Conrad-Martius, encontra o livro de santa Teresa de Ávila, tão divulgada entre os fenomenólogos por sua grande capacidade de relatar vivências interiores. Leu o livro à noite toda e ao terminar de lê-lo exclamou: Eis a VERDADE! Esta verdade tinha uma face e um nome: JESUS CRISTO! A exemplo de Edith Stein pode-se afirmar que nos dias de hoje o ateísmo também é bastante atual, visto que vivemos em mundo vazio da transcendência, levando muitas pessoas à falta de fé, por vivermos em uma sociedade materialista, onde a espiritualidade, a vida ascética e a busca constante de Deus têm sido banaliza. O ter invade o ser, impedindo o ente humano de ser, de viver, de refletir, levando-o à alienação ao tocável.

Edith se converteu ao cristianismo e como era muito inteligente colocou seus dotes intelectuais a serviço da Igreja, tendo muita influência entre os intelectuais cristãos de sua época. Mais tarde se tornou uma monja carmelita adotando o nome de Theresia Benedicta a Cruce, expressão que traduzida do latim para a nossa língua significa, Teresa abençoada pela cruz. Morreu junto com sua irmã Rosa no dia nove de agosto de 1942, vítimas do nazismo. No dia onze de outubro de 1998 o Papa João Paulo II, por ocasião de sua visita à Alemanha, a proclamou santa, padroeira da Europa. Celebra-se seu dia em nove de agosto.

Como se viu, Stein recebeu sua formação intelectual na escola fenomenológica. Ela “sempre reconheceu esta dependência intelectual do mestre, mas isso não significa que ela não tenha uma originalidade própria, mas que a abordagem é justamente aquela da escola fenomenológica de Husserl” (BELLO). Mais do que uma corrente, a fenomenologia é uma escola, devido à amizade que havia entre os seus membros. Fenomenologia vem de “fenômeno” (aquilo que se manifesta a nós, seres humanos, patente imediatamente na consciência) e “logia” (do grego “Logos” que significa pensamento, discurso, reflexão acerca de... ‘algo’). “A fenomenologia que usamos é, na verdade, uma filosofia, uma postura filosófica, e para fazer isso, utilizamos da ajuda de E. Stein particularmente” (BELLO). Reunindo a palavra, podemos dizer que a fenomenologia é o discurso daquilo que se manifesta a nós, “partindo do mundo físico das coisas que podem se manifestar a nós, até todas as produções culturais do ser humano, e em particular um fenômeno muito importante que somos nós mesmos” (BELLO).

“O homem é uma manifestação para ele mesmo, e nós sabemos que Edmund Husserl havia falado de um paradoxo, isto é, que o ser humano é capaz de analisar a si mesmo, e, portanto ele é contemporaneamente sujeito e objeto da análise” (BELLO). Aqui não será possível descrever este método, que requer muito estudo e atenção, atentando com rigor nos seus aspectos. Para compreendê-lo é necessário seguir as obras de E. Husserl. A própria Edith nos ajuda a compreender muito deste método. Apenas destacamos que este, bem como o pensamento de Santo Tomás de Aquino, foi fundamental no pensamento antropológico da Stein. Também fazemos questão de enfatizar que “um dos pontos fundamentais desta escola é justamente a análise que o homem faz sobre ele mesmo, e essa análise busca ir à profundidade”, como que uma escavação fenomenológica, “para compreender como é que ele é feito” (BELLO).

Em nosso século XXI, a pessoa humana tem perdido cada vez mais o seu valor. Cada vez mais dominada pela técnica e pelos bens materiais, ela tem sido impulsionada pelo ter, se esquecendo de seu ser. O ter infelizmente tem tido predominância sobre o ser, e o homem se esquece de si mesmo, de buscar saber quem ele é. Alienado pelo trabalho, pelas tarefas do dia-a-dia e ainda pelos bens materiais, ele se esquece de tirar um tempo para si mesmo e refletir. No meio de tanta correria, parece que estamos no meio de máquinas, que infelizmente tem sido controlada por tantas coisas (pelo governo, pelo poder, pelas ideologias, etc.). Heidegger dizia que “o homem é o pastor do ser” e Gabriel Marcel, que “ser é mistério”. Sendo assim, no mundo, por ser o homem o pastor do ser, ele é um mistério, e por isso, por mais que investiguemos sobre o que seja o homem, nosso conhecimento permanecerá sempre limitado, pois ele é um ser que vela e se desvela (alethéia).

É com a finalidade de resgatar o valor do ser humano que recorremos à filósofa Edith Stein, com o objetivo de encontrarmos respostas sobre o que é o homem, mas sem a pretensão de esgotar todo o pensamento da referida filósofa, apenas assinalando alguns pontos do seu pensamento antropológico, com a finalidade de resgatar o valor e a dignidade da pessoa humana. Edith Stein, desde sua juventude, procurou buscar respostas sobre si mesma e sobre o outro humano. E conseguiu este intento através das análises que fez sobre o tema da empatia, que é uma experiência intersubjetiva que permite sentir o que o outro sente (calçar o sapato apertado do outro para sentir o quanto o calo de outrem dói), além de reconhecer o outro como um outro eu (um alter ego). Ela foi filósofa, conferencista, pesquisadora, professora, pregando muito sobre a dignidade da pessoa. Tudo o que envolvia o ente humano lhe chamava a atenção: a comunidade, o direito, a estrutura da pessoa humana, o ser finito em relação com o Ser eterno, enfim, tudo o que envolve a pessoa humana lhe atrai. Sua antropologia filosófica é uma costura que envolve fenomenologia, e, após sua conversão, a filosofia cristã (com base nos autores: Santo Tomás, Santo Agostinho, Duns Scoto e Pseudo-Dionisio) bem como a mística carmelita apoiada em Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. É uma maravilhosa filosofia cristã, tal como a filósofa o define.

Edith quer saber sempre mais sobre o homem, por isso deixa sempre em aberto em suas obras, várias questões com a finalidade de respondê-las. Assim, cada obra da filósofa visa responder as diversas questões que envolvem o ente humano. Por ter sido professora, Stein acreditava que o formador deveria ter uma base sólida de antropologia filosófica, integrada com a antropologia teológica. Acreditava que somente aquele que foi verdadeiramente formado deveria ser um formador. Seu pensamento a respeito do ente humano já aparece no seu primeiro trabalho “O problema da empatia”. Na extensa obra, “Ser finito e Ser eterno”, ela resume todo o seu pensamento.

A interioridade é um dos temas fortes de Edith. Para ela, o que explica o ente humano é sua interioridade, a sua espiritualidade como um ser chamado a transcender a si mesmo, na relação pessoal, aberta ao Absoluto de Deus. A criatura humana esclarece, a seu modo, o problema do ser. A essência do homem é ser pessoa. Por ser espiritual, tanto Stein quanto Husserl usam o termo PESSOA. A tradição aplica este termo ao homem, esta palavra que, em sua plenitude, convém somente a Deus. Pode-se aplica-la somente por analogia. Pessoa exige espiritualidade. E nela há um centro, no qual ela se pertence plenamente, podendo entrar e sair de si mesma. Cada ente humano encontra a si mesmo como um “eu”. Por ser pessoa, assim como o Criador (veremos que o homem é a imagem mais perfeita das Pessoas Divinas) ele é sagrado e tudo o que é humano tem um imenso valor, partindo deste núcleo original. Mas não podemos reduzi-lo somente a este núcleo, porém, é impossível prescindir dele. O homem “é” e “se faz”. Ele aspira à plenitude, está aberto a tudo o que é nobre, grande e belo, para aperfeiçoar-se progressivamente.

Dos temas da antropologia steiniana, o da diferenciação entre homem e mulher merece ser destacado. Na época de Stein, a formação das jovens estava submetida aos mesmos padrões dos homens, por isso, Edith insiste que tanto as funções biológicas como espirituais das mulheres, são diferentes das dos homens, propondo desta forma, projetos de reforma. A judia-cristã também resgata o valor da mulher, tão banalizada em sua época. Com a diferenciação dos sexos, Stein não quer reduzir o homem ou a mulher, mas resgatar a dignidade de pessoa presente em cada um. Na obra, “Mulher, sua missão segundo a natureza e a graça” nós encontramos suas exposições acerca deste assunto.

Na diferenciação dos sexos, a filosofia é chamada a perscrutar a essência, já a teologia diz quais são as funções masculinas ou femininas e as ciências positivas se ocupam em estabelecer os fatos naturais, como ocorre com a fisiologia e com a psicologia. Para fazer a diferenciação, a filósofa parte do conceito fenomenológico “hyle”, que significa matéria. Partindo deste conceito, a discípula de Husserl encontra no homem e na mulher um feixe de diferenças, tanto nos aspectos anatômicos, quanto nos aparelhos biológicos. E por um instante a filósofa deixa a fenomenologia e acrescenta a máxima tomista: anima forma corporis. E ainda, avançando nas suas pesquisas, ela descobre o chamado ethos, que é uma atitude de alma, também chamado pelos escolásticos de hábito. Tanto o homem como a mulher possui ethos.

Eis suas características. A mulher visa o pessoal vivente e o todo. Velar, cuidar, conservar e alimentar é seu desejo natural, genuinamente maternal. O inanimado lhe interessa. Está a serviço do pessoal vivente, menos em si mesma. Ela é avessa a abstrações em qualquer sentido. A mulher tem como característica a disponibilidade em servir. Nela, se revela claramente a empatia, o que não significa que esta também se revele no homem. A mulher é aberta aos outros seres humanos e tem a capacidade de se colocar no lugar de seus outros semelhantes. Quanto ao homem, seu corpo e sua mente estão equipados para a luta e a conquista submetendo a terra e tornando-se seu senhor e rei. Ele se apropria dela pelo espírito, mas a adquire também como posse. Tem como objetivo transformar a terra em sua própria criação e ação formadora. O homem está voltado para as coisas do seu interesse. A luta, a exploração, a conquista, o domínio e a proteção são características da sua vocação natural. Em suma, o homem visa abraçar o todo.

Com estas características podemos perceber que a pessoa humana, bem como a humanidade, gira em torno da harmonia entre estes dois pólos: homem e mulher. Um não exclui o outro, mas se integram e se complementam. Com a máxima tomista, E. Stein conclui que o corpo e a alma da mulher foram formados para uma missão específica, destinada a ser a mãe de todos os viventes. Em relação à estrutura da pessoa humana, desde sua tese doutoral a jovem aluna de Husserl se encanta pela constituição do ser humano – corpo-vivo, alma e espírito, pois para que possa ocorrer a empatia, é preciso haver um indivíduo estruturado. Cada ser humano possui um corpo, porém um corpo animado onde reside a sua alma. O homem não possui plena liberdade sobre seu corpo, pois não pode sair dele para contemplá-lo sob diversos ângulos. Mas ele não se prende a observação externa, pois é constituído pela alma que dá vida a seu corpo.

Posso me separar de meu corpo pela imaginação, porém estarei sempre ali onde está o meu corpo. Stein concebe uma imagem muito positiva do corpo humano, diferentemente de muitos filósofos que o desprezam, como por exemplo, Platão. Para ela, o corpo é o que define a pessoa, é fonte de vida espiritual, ou seja, tudo que afeta a pessoa humana. O homem, porém, às vezes sente seu corpo como um “fundo escuro”, no sentido de que este o limita. Ele recebe essa dominação porque expressa o lado da experiência negativa. O homem reside no seu corpo como num domicílio inato tendo consciência do que se passa nele. Na sua integração harmônica, o corpo encontra-se no exterior.

Além do corpo, o ente humano possui uma alma, dividida em partes psíquica e espiritual. O aspecto psíquico está ligado às reações do mundo exterior. Se eu receber um susto, por exemplo, a parte psíquica irá reagir. Não sou eu quem escolhe ter susto, mas é algo que me acontece, que eu encontro. Já a parte espiritual é a parte em que eu escolho, reflito, tomo decisões. Diante do susto, por exemplo, eu posso tomar a decisão de me proteger. A alma é aberta e tende para o além. Edith demonstrou isso na sua tese doutoral sobre a einfuhlung. O espírito me permite colocar bondade ou maldade em meus atos. Na sua tríplice estrutura, o espírito encontra-se no alto.

Os entes humanos podem participar do reino da natureza, o que é típico somente dos animais, ou somente do reino do espírito, o que é próprio deste. Se eles decidem aniquilar seus semelhantes, não reconhecendo neles um “alter ego”, o que aconteceu no nazismo, por exemplo, no extermínio de uma grande massa de judeus e não arianos, eles se encontram somente no reino da natureza, mas quando há um acordo de paz entre os indivíduos de uma comunidade, eles estão no reino espiritual, o que é típico somente do ente humano. A pessoa humana pode seguir sua tendência instintiva, mas graças ao reino espiritual ele também pode superá-la. A vida moral não é algo que se acrescenta no homem, mas algo que o acompanha. O ente humano não é apenas corpo-vivo, alma ou espírito separadamente, mas juntas, estas partes constituem a pessoa humana. Ambas as partes estão interligadas umas às outras.

Como já se viu, por analogia, dizemos que o homem é PESSOA. No mundo, o ser finito é a imagem mais perfeita do Ser eterno. É um espelho trinitário. Na relação entre Pai e Filho, surge o Espírito Santo, que é Deus, saindo de si, suma expressão de espiritualidade. Ao mesmo tempo, é um ser plenamente livre, que se entregando continuamente não perde seu ser, sua essência. Observa-se, portanto, na Trindade, a íntima ligação entre as dimensões individual e relacional em sua plenitude. Três pessoas, porém um só Deus. Três pessoas com sua realidade individual, mas que não podem se separar de sua relacionalidade. Assim como as Pessoas Divinas, a pessoa humana é um ser espiritual, alguém que se realiza somente na transcendência. Edith demonstrou isso na sua tese doutoral sobre a empatia. O homem também conserva em seu ser a liberdade, que é condição, algo que o acompanha. É também um ser individual e relacional, alguém que têm uma identidade própria, o que se chama personalidade. O ser finito, não é uma realidade fechada, mas aberta. Seu ser espiritual lhe abre continuamente para o outro, fazendo com que com sua identidade ganhe sentido na relacionalidade, na comunidade. A individualidade não o encerra em si mesmo, mas o abre e faz com que adquira plenitude e sentido na relação.

Na concepção da filósofa, a imagem da Trindade está presente em toda a criação, porém no ser humano a vê mais intensa, principalmente nos processos dinâmicos. Entretanto, é importante afirmar que o ser finito não é totalmente semelhante ao Ser eterno, senão ocorreria o que chamamos de panteísmo (tudo é Deus). Na concepção de E. Stein, a criatura é nada menos do que uma “imagem parcial”, um “raio quebrado”. Deus, o Eterno, o Incriado e o Infinito não poderia criar nada absolutamente semelhante a si mesmo, posto que não há um segundo Eterno, Incriado e Infinito.

Durante a sua vida, a essencialista procurou aprofundar no tema da estrutura da pessoa humana, pois para que pudesse oferecer uma boa formação às suas alunas, ela não poderia ficar na superfície do ente humano, mas ancorar-se nas suas profundezas, à procura da essência. Nesta perspectiva, a filósofa procura aprofundar no tema da constituição do indivíduo psicofísico. Utilizamos a sua obra “A estrutura da Pessoa Humana” bem como a obra “Ser finito e Ser eterno. Ensaio de uma ascensão ao sentido do ser.” Para Edith Stein e todos os fenomenólogos o homem é corporeidade e ele pode sentir isso através da sensação. Somos corpo vivo. Para isso Husserl e Stein fazem uma diferenciação rigorosa do nosso corpo. Eles chamam de “korper”, o nosso corpo material, sem vida (um cadáver, por exemplo). Nós não somos pura materialidade, pois possuímos a vida e este é o fenômeno que mais chama a atenção do ente humano, pois ele sente em si este viver. Para designar nosso corpo como corpo vivo, os dois fenomenólogos utilizam o termo alemão “leib” que significa exatamente corpo vivo.

O corpo é o que nos torna visíveis, e segundo Edith, na sua tese sobre a empatia, é o que nos permite ter um contato com a vida interior da pessoa (quando ela chora, por exemplo, sei que ela está passando por um sentimento de tristeza). O corpo é o que nos torna visíveis. No corpo vivo reside a alma, que é o lugar dos sentimentos, da vontade, das tomadas de decisões. Através do corpo, nós também podemos ter várias percepções, que para o pai da fenomenologia é a porta de entrada para adentrar na pessoa, a fim de compreender como ela é feita. Em suma, não somos somente korper, mas leib. Partindo da fenomenologia, suspendendo os nossos preconceitos e colhendo aquilo que primeiro salta aos nossos olhos, vemos que a pessoa é uma coisa material, carregando consigo diversas características como, forma, cor, altura, peso, etc.

Quando encontramos uma pessoa desconhecida, ela nos chama a atenção pela sua cor, sua altura, sua forma. Portanto, pela sua constituição corporal o homem é uma coisa material. Mas Stein faz uma diferenciação muito importante. Se fossemos pura materialidade, estaríamos reduzidos a uma pedra, a uma mesa, enfim, pelo fato de ambas serem coisas materiais. Por isso, Edith afirma que o homem é korper (é matéria), mas é também leib, ou seja, um corpo animado. Na fenomenologia, o que é muito comum fazer comparações entre o mundo humano e o mundo animal, a filósofa faz várias comparações em suas análises. Quando estamos em relação com um outro humano, sentimos sua vida corpórea, psíquica e espiritual, e sabemos que ele é como nós (ocorre a empatia de forma completa). Mas quando estamos com um animal, sentimos nele a vida corpórea e psíquica, mas não captamos nele a parte espiritual, bem como sabemos que não se trata de um outro como nós (com o animal também ocorre a empatia, porém de forma limitada).

O “eu” está ligado ao ente humano e não é possível que ele se desvincule dele, a não ser através da vivência da fantasia e da recordação. Stein afirma que nós somos matérias, mas diferentemente das demais, nós não podemos ser partidos e depois unidos a outros pedaços, com a finalidade de formar uma massa homogênea. Edith utiliza a audição e a visão para colher características do corpo humano. Diferente das demais coisas materiais, o homem revela sons interiores, como por exemplo, quando está com fome. Ele tem movimentos próprios diferente dos objetos, que só se movem se empurrados pelo homem. Utilizando das reflexões do Aquinate, Edith não deixa de considerar que o corpo do homem é configurado pela forma interna. E partindo de Aristóteles podemos chamar esta forma interna de alma, entendida aqui como alma vital (“anima vegetativa”). O corpo humano é matéria formalizada (anima forma corporis). A forma é o que comunica existência ao nosso corpo. Sem a forma somos coisas mortas. Podemos designar o homem como um microcosmo (um pequenino mundo dentro do mundo), pois nele se reúnem a alma animal, vegetal e racional. Ele é também anjo, animal, planta, de forma unitária.

Agora vamos partir para a concepção de homem como organismo. Definição muito cara a Edith. O homem é um organismo, pois possui em si a alma, que o direciona a um processo de desenvolvimento. Durante seu crescimento, podemos verificar diversas atividades que servem de base para que a pessoa possa alcançar a maturidade do seu ser, como a alimentação, a respiração, etc. Mas há os estados mutáveis, como a doença, a saúde, a fraqueza, o vigor, que comprovam que há no homem uma ‘força vital’ presente no organismo influenciando nos processos dinâmicos da pessoa humana. A força vital é o que faz do ente humano um organismo e segundo Edith, quando nele não há essa força, ele passa a ser uma coisa material morta como qualquer outra coisa.

Para Stein há um núcleo no homem (corpo – alma – espírito). A alma do homem é especificamente distinta da alma dos seres vivos, por ser racional. Como sabemos, a alma da planta é classificada de alma vegetativa e a do animal sensitiva. O homem, assim como as plantas e os animais, também possui em seu ser a alma vegetativa e a alma sensitiva, porém de forma unitária. O ente humano é o que é devido sua alma racional. A alma da planta (anima vegetativa) é “forma corporis” e nada mais que isso. Nela falta a abertura interna e na concepção de Stein, a falta de consciência, bem como está desprendida de si mesma, dando um aspecto de inocência. A pessoa humana em relação à planta conserva em seu ser a posição vertical. È um triunfo sobre a matéria. Comparado a uma flor, o rosto humano é a mais perfeita revelação de si mesma. Para a filósofa e conferencista, não é uma imagem meramente poética quando se compara as crianças com as flores, pois elas nos dão mais do que o jovem e o adulto, um aspecto de pureza e inocência, certo desprendimento de si mesmas.

Edith era apaixonada pela alma humana. Definir o que seja a alma parece ser algo totalmente fora de nosso alcance, pois nós não podemos tocá-la, mas podemos senti-la em nós e no outro humano. Husserl e seus discípulos dividiram a alma em dois aspectos: a parte psíquica, chamada de “seele” e a parte espiritual denominada “geist”. A parte psíquica (seele) é a parte dos nossos instintos. Se por exemplo, eu escuto um barulho muito forte, terei uma reação de medo. Não sou eu que provoco ou escolho ter medo, mas como afirma Stein, eu o encontro. A parte espiritual, denominada “geist”, é a esfera que reflete, decide, toma decisões. Diante do forte barulho, no exemplo acima, eu posso tomar a decisão de me proteger, de me controlar, tendo uma reação espiritual.

Após a conversão de Stein, a alma ganhará um sentido especial. Ela define a alma, no exemplo de Teresa de Jesus, um espaço interior ou ainda um castelo interior, no qual o “eu” pode se mover livremente. Na obra “Ser finito e Ser eterno” há bonitas reflexões em torno desta parte do ser humano. Para Edith, a alma é um ser em evolução. Ela “é” e “se faz”. O homem tem a missão de plasmar a imagem de Deus em sua alma, por isso o homem deve aprofundar em sua vida íntima, com a finalidade de conhecer sua dimensão anímica. Por isso, no “Castelo Interior”, irá apresentar os caminhos de acesso à realidade íntima da alma.

Até aqui, considerou-se dois aspectos do ente humano: corpo e alma. Antes de refletirmos sobre a parte espiritual, é importante assinalar que o ente humano não é tripartido, mas unitário. Todas as partes estão unidas entre si. Diante de um barulho muito alto meu corpo irá reagir. Meus batimentos cardíacos irão acelerar. Constato aí o meu corpo-vivo. Ao mesmo tempo, eu também terei uma reação de medo. Esta é a parte psíquica. E diante deste barulho, eu tomo a decisão de me proteger, de me acalmar. Essa é a parte espiritual. Na sua tese sobre a einfuhlung, a judia-cristã aborda com claridade o tema do espírito. Este permite ao ente humano entrar em comunicação com seus outros semelhantes, amar, conhecer, transcender a si mesmo. O espírito é uma abertura para... (algo). Para Stein, o espírito é uma chama que se ascende saindo de um lugar tenebroso. Ainda no tema do espírito, Edith define o ser finito como um ser livre e espiritual.

E por ser pessoa, ele é diferente de todos os seres da natureza. Por ser pessoa, ele é espiritual, cuja espiritualidade se traduz em despertar e abertura. E só haverá pessoa se houver liberdade. Esta é um dever que o ser finito deve realizar em si mesmo. Mas mesmo sendo livre, sua liberdade será sempre limitada. As coisas não se impõem sobre a pessoa humana, mas a convida a penetrar na sua essência, a possuí-las, a ir a sua direção. Se o homem nega as coisas que estão ao seu redor, sua imagem de mundo permanecerá sempre pobre e fragmentaria, mas se ele vai ao encontro destas, dispondo de seus preconceitos, estas a ele se abrem, tendo a seu dispor sempre coisas novas.

Depois de ter refletido sobre o ser finito, não é incoerente falar sobre formação, pois já que conhecemos um pouco mais sobre nossa humanidade, na concepção de Edith o formador terá condições de oferecer uma boa formação àqueles que estão na etapa de desenvolvimento, que estão no processo da potência ao ato. Conhecendo melhor a pessoa, a sua estrutura – corpo-vivo, alma e espírito – saberemos das fragilidades que o sujeito da formação estará sujeito. Para santa Teresa Benedita, o formador é aquele que foi verdadeiramente formado. Seguindo as etapas da vida pessoal de nossa santa formadora, vimos que isso é verdadeiro, pois ela recebeu uma verdadeira formação, de sua mãe e de seus irmãos, em sua FAMÍLIA. Stein é um modelo para os educadores, e seguindo-a, tendo ela como exemplo, eles serão bons formadores.

No curso “A estrutura da pessoa humana”, a filósofa dá um salto da razão à fé, da filosofia a teologia. Para Edith há dimensões no ente humano que a racionalidade não consegue alcançar por si mesma, por isso precisará da ajuda da revelação. Por ser espiritual, o homem precisa ser considerado teologicamente. Todo finito remete a um infinito. Mas também nós não podemos esquecer que não podemos considerar somente uma parte do corpo humano, mas toda a sua estrutura. Na Grécia antiga, o corpo era demasiadamente valorizado. Vê-se isso nas esculturas, em que se dá muito valor à forma do corpo. Na nossa cultura hoje, a parte espiritual tem sido esquecida, sendo mais valorizada a parte psicofísica. A pessoa humana deve ser valorizada no seu todo, corpo-vivo, alma e espírito.

A partir das reflexões de E. Stein, podemos afirmar que a pessoa humana é o ser mais sublime da terra. E estuda-lo é uma aventura instigante e cheia de desafios. Mais do que coletar informações sobre o ente humano, o estudo de antropologia filosófica deve servir para um crescimento na vivência da nossa própria humanidade, bem como respeitar o outro humano na sua alteridade. E os estudiosos do pensamento steiniano são chamados a colocá-lo em prática e por meio da empatia, tema preferido da filósofa em questão, alcançar a solidariedade dentro da comunidade. Um indivíduo que passa por mim, pode me causar a vivência de simpatia ou antipatia, pode me atrair ou repelir, porém, como afirma a própria Stein em sua obra “Ser finito e Ser eterno”: “O meu próximo não é aquele que ‘amo’, mas todo ser que passa por mim.” Que Edith Stein possa nos ajudar a buscar sempre mais a verdade do ente humano, respeitando cada pessoa na sua individualidade.

Referências:

BELLO, Ângela Ales. A antropologia filosófica de Edith Stein e o mundo contemporâneo. Tradução de Jacinta Turolo Garcia. São Paulo: UNIFAI, 05 a 09 out. 2009. Palestra realizada por ocasião da semana de filosofia.

FERMIN, Francisco Javier Sancho. Curso de Espiritualidade sobre Edith Stein (Teresa Benedita da Cruz). Centro de Espiritualidade Teresiano de São Roque. São Paulo. 9 a 12 nov. 2008. 59 p.

JULEN, Urkiza. SANCHO, F. Javier. Obras Completas. In: Stein. E. Ser finito y Ser eterno: ensayo de uma ascensión al sentido del ser. Burgos: Monte Carmelo, 2007, v. 3, 1229 p.

STEIN, Edith. La estructura de la persona humana. Madrid: Biblioteca de autores cristianos. 2002. 201 p.

Obs. As partes que estão entre parênteses dentro do texto são da própria Ângela Ales Bello, no curso intitulado: Edith Stein e o acolher: o outro, o diferente, o estranho.

XII Semana São Bento de Filosofia

27 a 30 de Setembro de 2010

Fenomenologia e suas Vertentes no Pensamento Contemporâneo

Programação
Palestras (9:00h – 12:00h)

27 set. / segunda-feira
João Carlos Nogueira (PUC-Campinas) - “Emmanuel Levinàs: a inversão metafísica ou o primado da ética”
José Carlos Bruni (São Bento) – “Heiddeger e a virada lingüística”
Rogério Nemoyane Ribeiro [D. Anselmo, OSB] (São Bento) – Mediador

28 set. / terça-feira
Alexandre de Oliveira Torres Carrasco (Unifesp) – “Merleau-Ponty fenomenólogo”
Maria Elisa de Oliveira (São Bento) – “O imaginário na ficção de Clarice Lispector: uma aproximação com Bachelard – fenomenólogo da imaginação”
Fernando Rocha Sapaterro (São Bento) - Mediador

29 set. / quarta-feira
Jeanne Marie Gagnebin (PUC-SP/Unicamp) - “Paul Ricoeur: a memória, a história, o esquecimento”
Franklin Leopoldo e Silva (São Bento) – “Sartre e a Ética”
Edson Dognaldo Gil (São Bento) – Mediador

30 set. / quinta-feira
Angela Ales Bello (Lateranense) – “A fenomenologia no pensamento moderno e a originalidade de Edith Stein” [em italiano - tradução simultânea por Jacinta Turolo Garcia (USC)]
Carlos Alberto Ribeiro de Moura (USP) – “O nascimento do conceito husserliano de 'fenômeno'”
Joel Gracioso (São Bento) - Mediador

Palestra Especial (20:00h – 21:30h)
Promoção conjunta dos Cursos de Filosofia e de Teologia

30 set. / quinta-feira
Angela Ales Bello (Lateranense) – “Edith Stein e a filosofia católica - retomando particularmente a questão da escolástica” [em italiano - tradução simultânea por Jacinta Turolo Garcia (USC)]

Teatro do Mosteiro de São Bento
Largo de São Bento, s/nº - Centro – São Paulo – SP
Tel: (11) 3328-8796

ENTRADA FRANCA

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mini-curso


Além do cartaz ,em São Paulo teremos, uma palestra no dia 27 à noite na UNIFESP- Guarulhos e uma jornada na Faculdade São Bento (manhã e noite) no dia 30 . Na noite do dia 28, teremos uma palestra na USP no LEI-Laboratório de Estudos sobre a Intolerância

Simpósio de Estudos Fenomenológicos

Fenomenologia – Religião – Psicopatologia: EntrelaçamentosLudwig Binswanger - Edith Stein

PROMOÇÃO: Grupo de Pesquisa em Religiosidade e Processos de Subjetivação – PUCPR
Núcleo de Estudos do Desenvolvimento Humano (Nedhu) - UFPR

T E M A S QUE SERÃO ABORDADOS:

Dia 04/10
08:00- 12:00 - Edith Stein e a “fenomenologia da harmonia”
14:00 – 18:00 - Fenomenologia e Experiência Religiosa (Mesa Redonda)

Dia 05/10
08:00 - 12:00 Antropologia fenomenológica de Ludwig Binswanger
14:00 - 18:00 – As fontes da fenomenológicas da psicologia e da psiquiatria (Mesa Redonda)

Dia 06/10
08:00 - 12:00 - Fenomenologia e psicopatologia: Entrelaçamentos.

PROPOSTA DO CURSO / PROFESSORES (PALESTRANTES):

O Simpósio de Estudos Fenomenológicos promovido pelo Grupo de Pesquisa em Religiosidade e Processos de Subjetivação – PUCPR e do Núcleo de Estudos do Desenvolvimento Humano (Nedhu) – UFPR, visa refletir sobre as diversas possibilidades de entendimento da experiência humana a partir de uma perspectiva fenomenológica e discutir as relações entre psicologia e religião; fenomenologia e psicopatologia à luz de Ludwig Binswanger e Edith Stein.

Profª Drª Angela Ales Bello (Pontifícia Universidade Lateranense - Roma)
Profª Drª Aparecida Turolo Garcia (Universidade do Sagrado Coração - Bauru)
Profº Drº Aníbal Fornari (Universidade Católica de Santa Fé – Argentina)

CARGA HORÁRIA: 20 horas
DATA: 04 a 06 de outubro de 2010
LOCAL: Auditório Maria Montessori - PUCPR
HORÁRIO: Dia 04 a 05 - Períodos: Manhã e Tarde e Dia 06 Período- Manhã
PARTICIPANTES: Profissionais e Estudantes de psicologia, filosofia, teologia e áreas afins.
INSCRIÇÕES: www.pucpr.br/extensao
PERÍODO: Até 03/10/2010
INFORMAÇÕES:
LOCAL: Programa de Mestrado em Teologia - PUCPR FONE: (41) 3271-1359
TAXAS: R$ 15,00
COORDENAÇÃO: Prof. Dr. Márcio Luiz Fernandes e Profª Drª Clélia Peretti

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

III Congresso Brasileiro de Psicologia Ciência e Profissão

Resumo do simpósio apresentado no
III Congresso Brasileiro de Psicologia Ciência e Profissão,
ocorrido no dia 05 de setembro de 2010.
Neste evento haviam 11.000 participantes
e nessa sala estiveram presentes cerca de 50 pessoas.









Resumo: CONTRIBUIÇÕES DA FENOMENOLOGIA DE EDITH STEIN E ÂNGELA ALES BELLO À PSICOLOGIA BRASILEIRA

EDITH STEIN, filósofa, assistente e orientanda de EDMUND HUSSERL, no período em que a fenomenologia é criada e amplamente discutida na Alemanha defende o doutorado sobre os problemas da empatia. Em seguida desenvolve trabalhos sobre a estrutura da personalidade humana. Nessas obras a relação entre fenomenologia e psicologia é muito próxima. ÂNGELA ALES BELLO, professora de história da filosofia contemporânea da Universidade Lateranense de Roma e responsável pelo Centro Italiano de Pesquisas fenomenológicas, aprofundou estudos nesses dois fenomenológos e tem vindo ao Brasil como convidada a divulgar seus achados com freqüência considerável. Seu currículo conta com 248 publicações científicas. Este simpósio busca apresentar a contribuição fenomenológica de Ângela Ales Bello à psicologia brasileira. Para tanto apresentaremos trabalhos que se referem a psico-oncologia e religiosidade a partir de reflexões da obra de Edith Stein; a encarnação da atitude fenomenológica como possibilidade de orientação ao psicólogo, de acordo com a obra de Ângela Ales Bello; e a análise crítica do ensino desta fenomenologia, da íntima relação entre psicologia, história, religião, intersubjetividade e o rigoroso fundamento que a acompanha. Assim, o objetivo é apresentar profundas e amplas contribuições da fenomenologia, retomada por Ângela Ales Bello, para a psicologia brasileira, por meio de estudos realizados a nível de pós-graduação e docência, que estão em pleno desenvolvimento em nosso país.

Autor 1: Joelma Ana Espíndula

Co-autores: Elizabeth Ranier Martins do Valle

Título: PSICO-ONCOLOGIA E RELIGIOSIDADE: CONTRIBUIÇÕES DA FENOMENOLOGIA DE STEIN PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

Financiador: FAPESP/CAPES

Instituição: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo/RP.

A proposta desta mesa redonda é mostrar aos participantes recortes da tese de doutorado, como profissionais de saúde percebem a religiosidade e a espiritualidade de seus pacientes em tratamento de câncer e como eles vivenciam a sua própria espiritualidade, no referencial de análise da fenomenologia antropológica desenvolvida por Edith Stein (fenomenóloga, estudiosa de Edmund Husserl) e interpretada por Ales Bello que buscam

compreender a essência do ser humano sob aspectos corpóreos, psíquicos e espirituais. A maioria dos profissionais de saúde se diz Espiritualista, dois são Católicos, um médico se diz Budista e uma médica Espírita. Acreditam que a religião é inerente a todo ser humano. Os convictos de suas religiões crêem na proteção divina e reconhecem a religiosidade como sustento e conforto para o paciente e seus familiares enfrentarem a situação de adoecimento. Os profissionais de saúde esperam que esses enfermos vivam a sua fé com prudência e sempre aderindo à realidade.

Autor 2: Cristiano Roque Antunes Barreira

Título: ANGELA ALES BELLO E A ENCARNAÇÃO DA ATITUDE FENOMENOLÓGICA COMO ORIENTAÇÃO AO PSICÓLOGO.

Instituição: Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto-USP/RP

A presença da fenomenologia na psicologia brasileira ganha vulto como perspectiva epistemológica com diretas incidências práticas. Há mais de dez anos, as dificuldades de apreensão e operacionalização da fenomenologia têm sido particularmente superadas pelo auxílio do pensamento da filósofa italiana Angela Ales Bello. A expressão de seu pensamento atualiza uma fenomenologia encarnada em que o rigor do processo de desobstrução intelectual ilumina os fenômenos analisados num ritmo que apreende e acompanha o tempo vivido do outro numa clara disposição empática. Esse movimento encarnado é um convite intersubjetivo que persuade pelo o que o fenômeno impõe enquanto aquilo que é. A despeito da tensão exigida, Ales Bello deliberadamente evita perder aquilo que pode ser individuado como sendo a própria essência da fenomenologia: a redução fenomenológica. Ao apreender e acompanhar o movimento do outro diante das subtrações que expõe passo a passo, o ritmo trabalhado pela filósofa distende o processo ofertando-o naquilo que tem de mais simples, a explicitação da coisa que esteja em questão. A mostração das facetas corporais, psíquicas e espirituais, entrelaçadas numa mesma unidade consciencial, impede o psicólogo de atuar omitindo sua atenção da materialidade, supervalorizando o psíquico ou descredenciando a razão e a liberdade alheia. Desse modo, pode-se considerar que a contribuição de Ales Bello para a psicologia brasileira implique um processo ativo de mediação dos psicólogos que saiba metodicamente encarnar o cuidado de si, si mesmo e si como um outro, atualizando a redução fenomenológica como processo dialógico pautado no tempo do outro revelado pela empatia.

Autor 3: Miguel Mahfoud

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais

Título: A fenomenóloga Angela Ales Bello no Brasil: rigor contra preconceito

Seguindo rigorosamente a fenomenologia clássica de Husserl e Stein, Angela Ales Bello articula as áreas da filosofia, psicologia, história e religião ao mesmo tempo que abre caminho ao acesso à estrutura humana universal que cada um pode advertir em suas vivências mais próprias. No Brasil, esse trabalho resultou no enfrentamento claro de alguns pontos fortes do preconceito intelectual que frequentemente chega a desqualificar a contribuição da fenomenologia. E o faz demonstrando sistematicamente a falta de fundamento. Apresenta o tema da historicidade, história e historiografia em relação com o mundo-da-vida (intersubjetividade e a cultura), enfrentando o preconceito de que a fenomenologia não chega a se ocupar da dimensão histórica por se voltar à apreensão de essências. A intersubjetividade apreendida como condição essencial do humano afasta a errônea concepção de que a busca da essência nos afastaria da vivência assim como se dá ao nos conduzir a uma metafísica. Na intersubjetividade, o exame da própria experiência pode revelar algo de estrutural compartilhado por todos; nela a particularidade não vem a ser abandonada no exame das experiências vivenciais compartilhadas coletivamente, examinando história, cultura e pessoa em suas inter-relações necessárias. O desenvolvimento dos temas da hilética e noética colhe o momento originário onde materialidade e significado são inseparáveis: a fenomenologia realista faz resultar superficial a crítica de abstração ou de idealismo que vez e outra acompanha o ensino de fenomenologia no Brasil.

ENVIADO POR:

Prof. Dr. Andrés Eduardo Aguirre AntúnezDocente do Departamento de Psicologia ClínicaCoordenador da Clínica Psicológica - PSCInstituto de Psicologia - Universidade de São PauloAv. Prof. Mello Moraes, 1721 - CEP 05508-030Cidade Universitária - São Paulo

sábado, 4 de setembro de 2010

MATERIAL ENVIADO POR NOSSA CORRESPONDENTE DE ROMA

O Cardeal Newman será beatificado nos próximos dias e ,nos ambientes Universitários ,muitos estão reavaliando sua obra mais famosa: A idéia de uma Universidade , cuja tradução para o alemão foi feita por EDITH STEIN. A EDUSC tem um livro , organizado por Frank M. Turner , com o texto amplamente comentado por estudiosos renomados do meio acadêmico . Procure conhecer e divulgar o livro NEWMAN e a idéia de uma universidade , EDUSC , Bauru,2001.
Proponho que a EDUSC divulgue mais esse livro para que os interessados possam encontrá-lo com facilidade. Um grande abraço, Ir Jacinta.




O cardeal Newman e a busca da verdade Entrevista a Cristina Siccardi, biógrafa do futuro beatoPor Carmen Elena VillaTURIM, sexta-feira, 3 de setembro de 2010 (ZENIT.org) Depois de viajar cinco horas debaixo de chuva, a 8 de outubro de 1845, o sacerdote passionista Domenico Barberi encontrou-se com o então pastor anglicano John Henry Newman (Londres, 1801- Birmingham, 1890), que lhe pediu que o acolhesse nos braços da Igreja católica, depois de décadas de busca na teologia e filosofia. O cardeal Ratzinger, em 1990, escreveu, a propósito do centenário da morte de Newman: "foi sua consciência que o conduziu dos antigos laços e das antigas certezas para o difícil e estranho mundo do catolicismo".E será agora o Papa Bento XVI que o beatificará em Coventry, centro da Grã-Bretanha, no dia 19 de setembro, durante sua viagem à Inglaterra. Sobre a vida e inquietações de Newman, em que sempre estiveram entrelaçadas fé e razão, ZENIT entrevistou a escritora italiana Cristina Siccardi, autora do livro Nello specchio del cardinale Newman (No espelho do Cardeal Newman, 2010, editora Fede e cultura), cuja publicação na Itália será nos próximos dias. Cristina escreve para vários meios de comunicação católicos da Itália.É autora, entre outros livros, de La 'bambina' di padre Pio (Rita Montella, 2003), Santa Rita da Cascia e il suo tempo, 2004; Paolo VI. Il papa della luce, 2008.



ZENIT: Como foi a infância de Newman?

Cristina Siccardi: John Henry Newman era o primogênito dos seis filhos do casal John Newman e Jemina Fourdrinier. Nasceu em Londres e foi batizado na Igreja anglicana de Saint Bennet Fink.Seu pai, um homem empreendedor, foi subindo de posição social até se converter em banqueiro. Mas depois de vários anos de êxito, veio a derrocada. Foi o próprio John Henry que teve de manter toda a sua família quando frequentou a Universidade de Oxford. "Fui educado durante minha infância para ter o grande prazer de ler a Bíblia, mas não tive sólidas convicções religiosas até os 15 anos". Assim Newman abriu o segundo parágrafo da obra-prima intitulada Apologia pro vita. História de suas convicções religiosas, que escreveu em 1864 para combater quem, à raiz de sua conversão, havia-o atacado ferozmente.Um dia, na ermida de Littlemore, onde se converteu, encontrou e folheou um velho caderno seu de escola. Na primeira página encontrou maravilhado um emblema que lhe cortou a respiração: tinha desenhado a figura de uma cruz robusta e, atrás, uma figura que representava um rosário com uma pequena cruz unida a este. Naquele momento tinha só dez anos. Estas imagens não teriam por que terem sido desenhadas a lápis por Newman, devido à aversão que os protestantes têm às imagens sagradas.


ZENIT: Por que chamavam tanto a atenção dele os Padres da Igreja?


Cristina Siccardi: Quando ainda era anglicano, em 1826, Newman decidiu estudar com um método sistemático os Padres da Igreja, e nasceu assim um grande amor por eles. Em primeiro lugar, examinou-os com a ótica protestante, mas depois, em 1835 e 1839, retomou o estudo com uma ótica mais parecida com a do catolicismo.Em uma carta a seu amigo Pusey, disse: "Não me envergonho de basear-me nos Padres, e não penso em de forma alguma me afastar deles. A história de seus tempos não é para mim um almanaque velho. Os Padres me fizeram católico e eu não pretendo me afastar da escada pela qual subi para entrar na Igreja".Os Padres foram para Newman seu grande amor, neles encontrou a resposta às persistentes perguntas religiosas e de fé que o torturaram durante 44 anos, até que, a 9 de outubro de 1945, foi acolhido na Igreja católica pelo padre Domenico Barberi, passionista italiano que foi beatificado por Paulo VI em 1963.



ZENIT: Conte-nos mais sobre a conversão dele para o catolicismo...

Cristina Siccardi: Esta chegou através de um cansativo percurso intelectual e espiritual. Sua biografia identifica-se com a elaboração do pensamento e com o empenho da alma. John Henry Newman está situado entre os grandes pensadores, filósofos e teólogos da história da humanidade. Sua bibliografia, que se têm edificado no mundo no transcurso dos 120 anos desde sua morte, é enorme.Com espírito de explorador, atento e escrupuloso pesquisou o interminável nó de caminhos que é o protestantismo. Primeiro como calvinista e depois como anglicano, para depois chegar com alegria à Igreja de Pedro, como pôde experimentar também outro convertido excepcional: Santo Agostinho. Newman comportou-se como o capitão que governa seu navio de guerra com destreza e competência e, sem trégua alguma, alcançou com grande humildade, e sobretudo com zelo, a meta desejada.



ZENIT: Que seus amigos disseram quando ele deu este passo?



Cristina Siccardi: Newman, apesar de dar uma especial importância ao valor da amizade e aos laços profissionais, quando viu e compreendeu a verdade e onde estava, não se preocupou com mais nada nem ninguém e abandonou tudo e todos, assim como fizeram os apóstolos. Seus amigos anglicanos compreenderam que tinham perdido um grande homem: alguns lamentaram, outros o julgaram ferozmente, outros, em contrapartida, o apoiaram.O elogio mais belo, a nosso parecer, que lhe deram em vida, foi a carta que Edward Pusey enviou a um amigo: "Deus está ainda conosco e nos permitirá seguir adiante, apesar desta grande perda. Não devemos esconder sua importância, porque foi a maior perda que tivemos. Quem o conheceu sabe bem dos seus méritos. Nossa igreja não soube se beneficiar. Era como se uma espada afiada dormisse em sua bainha porque ninguém sabia empunhá-la. Era um homem predestinado a ser um grande instrumento divino, capaz de realizar um amplo projeto que restabelecesse a Igreja. Foi-se como todos os grandes instrumentos de Deus inconsciente de sua própria grandeza. Foi-se para cumprir um simples ato de dever, sem pensar em si mesmo, abandonando-se completamente nas mãos do Altíssimo. Assim são os homens em quem Deus confia. Poder-se-ia dizer que se transferiu para outra área da vinha, onde pode utilizar todas as energias de sua poderosa mente".


ZENIT: Ele recebeu muitos ataques da parte da Igreja anglicana e dos intelectuais da época?
Cecila Siccardi: Certamente da Igreja anglicana, dos intelectuais protestantes e também da própria Igreja católica. Os primeiros o consideravam um traidor, os segundos, alguém de quem se deve desconfiar. Também alguns católicos na Irlanda estiveram contra: ele foi removido do cargo de reitor da Universidade de Dublin. John Henry Newman escreveu a Apologia pro vita justamente para se defender dos ataques dos intelectuais. Este livro engendrou muitas conversões. Recordemos que o Papa Leão XIII afastou muitos rumores maliciosos, quando concedeu a Newman o barrete cardinalício.ZENIT: Em uma sociedade onde reina o relativismo moral e intelectual, que nos diz a beatificação de Newman?Cristina Siccardi: O cardeal Newman combateu sincera e lealmente o liberalismo, trazendo, com seu método sistemático e analítico, um dos perfis mais reais daquela Europa em fase de corrupção, de abandono da civilização cristã e de agonizante apostasia. Conseguiu identificar as conotações de secularização e relativismo de nossos dias, fruto da presunção que já os gregos pagãos, depositários de verdadeiras sementes do Verbo, definiam ύβρις (übris = a arrogância de quem não se submete aos deuses), ou o que é o mesmo, a ideia de antepor os lugares comuns supostamente racionais da própria época à razoabilidade e racionalidade da Tradição.Newman, quem, como disse o cardeal Ratzinger em 1990, "pertence aos grandes doutores da Igreja", esse grande cavalheiro do século XIX inglês, alcançou a Verdade quando tinha 44 anos, depois de décadas de estudo e aprofundamento. Com valentia, forçou sua própria mente para entender, indagar, sondar os meandros da história, da filosofia, teologia e descobrir finalmente a pedra preciosa. Foi assim que "vi meu rosto naquele espelho: era o rosto de um monofisista, o rosto de um herege anglicano e o descobri quase com terror".O epitáfio na tumba do futuro beato Newman, cuja vida é a prova mais evidente e concreta de que a razão pode se unir à fé para trazer à terra a Igreja de Jesus Cristo, a única verdade que leva à salvação eterna. Crer na verdade e ser livre: "Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres" (Jo 8, 31-32). John Henry Newman é o modelo que a Igreja, sob o pontificado de Bento XVI, propõe aos cristãos e aos católicos para seguir: é a resposta claríssima do Papa ao mundo relativista.

Newman e a Idéia de uma Universidade
FRANK W. TURNER

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

GÊNERO: PERSPECTIVAS ANTROPOLÓGICAS E FENOMENOLÓGICAS EM EDITH STEIN



Doutora em Teologia Escola Superior de Teologia São Leopoldo RS. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Especialista em Gestão de Escolas pela PUCPR; Educação a Distância pela UnB. Graduada em Pedagogia pela Libera Università Maria Santíssima Assunta Roma Itália e, em Magistério em Ciências Religiosas pelo Pontifício Ateneo Antonianum Roma Itália; Bacharel em Teologia pela PUCPR. Atua nos temas: teologia e gênero, fenomenologia religiosa, redes de apoio, práticas de acompanhamento e de reintegração social.

Resumo

O presente artigo reflete sobre as questões de gênero no pensamento de Edith Stein (1891-1942), filósofa e discípula de Edmund Husserl. A reflexão verte sobre uma análise fenomenológica do ser humano nas suas diversas dimensões. O artigo explora a contribuição da filosofia da autora para o desenho de uma nova antropologia feminina no interior dos estudos de gênero e propõe uma visão unitária da natureza humana. Trata de seu itinerário especulativo, de sua ativa participação no contexto dos movimentos feministas da época para a entrada da mulher no mundo do trabalho, na vida social e política, quebrando paradigmas de uma cultura androcêntrica voltada para a definição dos valores e das relações tanto pessoais como institucionais. Aponta para o valor da corporeidade como base para o estudo do sujeito na sua singularidade e na sua dimensão intersubjetiva. As diferenças de gênero são indicadas como diferenças essenciais e dizem respeito à estrutura do ser humano.

Palavras-chave: Gênero. Teologia. Fenomenologia. Edith Stein.


ARTIGO COMPLETO: http://www.est.edu.br/periodicos/index.php/estudos_teologicos/article/viewArticle/43

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Contribuições da fenomenologia de Edith Stein e Angela Ales Bello à psicologia brasileira'





Simpósio: Acontecerá no dia
05 de setembro (domingo),
sala 803, 8º andar da
UNINOVE, das 14h às 16h.

Formação em Psicologia – Formação do Psicólogo

CONTRIBUIÇÕES DA FENOMENOLOGIA DE EDITH STEIN E ÂNGELA ALES BELLO À PSICOLOGIA BRASILEIRA

ANDRÉS EDUARDO AGUIRRE ANTÚNEZ – UNIVERDIDADE DE SÃO PAULO


PSICO-ONCOLOGIA E RELIGIOSIDADE: CONTRIBUIÇÕES DA FENOMENOLOGIA DE STEIN PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

JOELMA ANA ESPÍNDULA – ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
ELIZABETH RANIER MARTINS DO VALLE


ANGELA ALES BELLO E A ENCARNAÇÃO DA ATITUDE FENOMENOLÓGICA COMO ORIENTAÇÃO AO PSICÓLOGO

CRISTIANO ROQUE ANTUNES BARREIRA – ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DE RIBEIRÃO PRETO – USP/RP


A FENOMENÓLOGA ANGELA ALES BELLO NO BRASIL: RIGOR CONTRA PRECONCEITO

MIGUEL MAHFOUD – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS