PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

PEREGRINAÇÃO: NOS PASSOS DE EDITH STEIN

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Surgimento de uma nova filosofia steiniana.

Ramirez Silva
Na páscoa de 1923, Stein apresentou-se às Dominicanas educadoras de Santa Madalena, de Spira, que a acolheram como professora e ali permaneceu até a páscoa de 1931.
Neste ambiente de silencio, estudo e oração do convento das dominicanas, Edith dedicou-se à leitura de Santo Tomás de Aquino. Ela completou o método fenomenológico aprendido com Husserl com a visão tomista problematizando uma filosofia cristã. Vê-se esta reflexão num primeiro ensaio editado por Niemeyer, em 1929, em Halle intitulado da fenomenologia de Husserl à filosofia de Santo Tomás. Em um dos trabalhos mais importante de Stein, Ser Finito e Ser Eterno, houve um esforço para dar continuidade à filosofia do Santo Tomás, tentando uma harmonização deste (tomismo) com a filosofia contemporânea integrando a visão tomista com aquilo que Stein considerava “aquisições válidas da fenomenologia”, afinal, Edith Stein torna-se bastante tomista quanto ao conteúdo, mas permanece sempre com o método fenomenológico.
Após traduzir para o alemão as Questiones Disputatae de Veritate (perguntas discursivas sobre a Verdade), de Santo Tomás, Stein começa a comparar a fenomenologia de Husserl e a filosofia de Santo Tomás. Edith Stein definiu a Philosophia Perennis (do latim: filosofia perene) como o verdadeiro espírito filosófico presente em todos os grandes pensadores que buscam descobrir a inteligibilidade do universo.
“Philosophia perennis significa no entanto algo bem distinto: trata-se a meu ver do espírito do filosofar autêntico, que vive em todo filósofo autêntico, ou seja, em todo aquele movido por uma necessidade interior irrecusável de investigar o logos ou a ratio4 (como costumo traduzir esse termo grego) desse mundo. (STEIN, 2005, p. 305.)
Edith propõe que se admita uma única disciplina denominada por ela de filosofia. Essa filosofia é obra da razão num sentido que engloba a razão sobrenatural, informada pela revelação e a razão natural, fruto de um esforço pessoal. Sendo assim, esta filosofia tem como ponto de partida a fé. Para Santo Tomás, diz ela, “a verdade primeira, o principio e o critério de toda verdade é Deus. (...) O axioma filosófico primordial” (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p.74).
Vejamos como Edith Stein resume seus estudos:
Husserl e Tómas de Aquino acham que o fim da filosofia é dar uma compreensão do mundo, a mais universal, a mais solidamente fundada a que se possa chegar. Husserl procura seu ponto de partida ‘absoluto’ na imanência da consciência. Para Tomás, ao contrario, o ponto de partida é a fé. A fenomenologia considera-se uma ciência do ser e demonstra como uma consciência, graças ás suas funções espirituais, pode construir um mundo e eventualmente todos os mundos possíveis. Nesta perspectiva nosso mundo representa para ela uma de suas possibilidades, Qual é a constituição concreta de nosso mundo? Compete às disciplinas positivas determiná-las. Seus pressupostos práticos e teóricos são discutidos no estudo das possibilidades que é objetivo da filosofia. Tomás não se preocupa com os mundos possíveis e sim com o fundamento de tal conhecimento? Sem dúvida as pesquisas sobre o ser, mas também todos os fatos que a experiência natural e a fé nos apresentam. O ponto de partida que unifica o desdobramento de todo o conjunto da problemática filosófica e à qual ela se refere incessantemente, é, para Husserl a consciência transcendental pura e, para Tomás, Deus e seu relacionamento com as criaturas. (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p. 76).
Por causa do tomismo estudado por Edith os discípulos de Husserl acharam que ela havia rompido o seguimento ao pai da fenomenologia como conseqüência de ter se tornado católica. Husserl era protestante vindo do judaísmo e continuava firme, em sua filosofia. A pesar do que se comentava sua relação com Stein continuava cordial, marcada pela amizade e mútuo respeito.
Na verdade, Edith aplicou o método fenomenológico no estudo do tomismo dando-lhe continuidade e regularmente seus trabalhos apareciam nos anais de Filosofia e Pesquisas fenomenológicas de Edmundo Husserl.
O professor Dempf, de Munique, amigo de Stein, nos fala da admiração de Stein pelo método fenomenológico:
A fenomenologia, afirma ele, era para ela mais do que uma ponte que levava ao tomismo, a fenomenologia abriu para Edith Stein o caminho que partindo da simples objetividade dos fenômenos e de seu exato conhecimento, ia até a o conhecimento rigoroso do Ser, o caminho que vai do método fenomenológico ao método ontológico. (Dempf apud MIRIBEL, 2001, p.104) 5
A filosofia não chega a um ponto absoluto da verdade e sendo assim o método fenomenológico, como a qualquer caminho filosófico não deve chegar a emitir dogmas, mas estar sempre aberto a uma continuidade, pois isto é filosofia. O método adotado por Edith é o fenomenológico a este método ela nunca abandonou, mas o completou para chegar a conclusões compatíveis com o tomismo.

1.3.1 As obras filosóficas.
Entre as obras mais importantes de Edith Stein podemos citar: Ser finito e Ser Eterno e A ciência da Cruz. Na introdução da obra Ser finito e Ser Eterno ela define sua noção de filosofia cristã: na primeira parte é problematizada a natureza do ser finito e na segunda parte o Ser eterno, para falar depois dos vestígios e da imagem da Trindade no mundo. O livro termina abordando uma perspectiva do corpo místico de Cristo.
A grande obra A ciência da Cruz nasceu quando a família carmelitana celebrava o quarto centenário do nascimento de São João da Cruz em 1942 e por este motivo Edith Stein foi convidada pelo provincial dos carmelitas descalços a redigir um estudo sobre o santo doutor para celebrar esta data. Logo após concluir o índex da obra Ser Finito e Ser Eterno, escreveu a obra A Ciência da Cruz, em um ano apenas, sendo a ultima parte escrita no dia de sua prisão. Edith com sua irmã rosa foram levadas para Gestapo6.
A ciência da Cruz é a obra de maior maturidade de Edith Stein. Stein atualiza a obra de São João da Cruz valendo-se de sua filosofia. A primeira parte do livro intitulada a mensagem da cruz trata das experiências pessoais de São João da Cruz, na segunda parte é abordada “a doutrina da cruz” e na terceira parte intitulada “a escola da cruz” trata da vivencia deste símbolo. Em toda obra está contida a antropologia do Santo doutor. Esta obra ficou inacabada, ou melhor, Edith Stein concluiu a obra com uma práxis levada até ao extremo. Ela concluiu a obra A ciência da Cruz com sua própria vida, quando foi assassinada juntamente com seu povo, judeu, num campo de extermínio em Auschwitz.
Para dedicar-se a tradução da obra De veritate de S. Tomás7, em 27 de março de 1931 Edith deixou de lecionar em Spira. Ao mesmo tempo, desenvolveu uma intensa atividade de conferencista.
Práxis ao extremo.
Para Edith Stein, a teoria sem a prática não tem sentido nenhum. Assim, por exemplo, ela era intolerante com a injustiça. Em Münster animou seus alunos a formarem um grupo para oporem-se aos grupos de estudantes nazistas. Diante dos acontecimentos Stein não hesitou em escrever ao Papa Pio XII advertindo para um futuro sombrio e pedindo que o Sumo Pontífice escrevesse uma encíclica para defender os judeus.
Numa noite em que havia esquecido a chaves para entrar no colégio, um professor católico a convidou a pernoitar em sua casa onde sem saber da origem judaica de Edith contou-lhe sobre as atrocidades contras os judeus na Alemanha, matéria que constavam num jornal americano. Neste momento ela entendeu que seu destino seria o mesmo de seu povo e interiormente se uniu a ele se oferecendo a Deus para levar tão pesada cruz.
Em 19 de abril de 1933, Stein foi afastada do instituto em Münster, por causa de sua origem judaica. Então ela percebeu que este era o momento apropriado de realizar seu sonho a doze anos desejado: ser carmelita. As dificuldades não eram poucas: sua idade, quarenta e dois anos, a origem judia e a falta de recursos financeiros. Contudo, após ser examinada pelos responsáveis pelo Carmelo de Colônia, foi admitida na comunidade e ingressou no dia 15 de outubro, festa de santa Teresa de Ávila.
A partir do momento em que a mãe de Edith ficou sabendo que sua filha além de ser católica iria se tornar uma freira carmelita não houve mais paz em sua família. A indignação da Senhora Stein era tanta que por vezes teve ataques de fúria, explosões de raiva. Sua mãe imaginava falsos motivos para a filha estar no Carmelo e não adiantariam explicações. Restava as duas somente suportar este sofrimento irremediável. Mãe e filha pensavam que perderiam a saúde devido a tamanha pressão psicológica, contudo resistiram firmes até o fim de suas vidas. Ambas morreram convictas de sua fé.
Mais tarde, no Carmelo, ela solicita a sua superiora permissão para levar a cruz de seu povo judeu:
Querida, vossa Reverendíssima, permitir que eu me ofereça ao Coração de Jesus, em holocausto pela paz no mundo. Que o reino do Anticristo seja esfacelado, se possível, sem uma guerra mundial, e que uma verdadeira nova ordem seja estabelecida. Gostaria de me oferecer ainda esta tarde, porque é a décima - segunda hora. Sei que nada sou, mas Jesus assim o quer. Não há duvidas de que ele dirija este apelo a muitas outras almas, nestes nossos dias. (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p.140) 8
Edith via no sofrimento o valor de co-redenção para aqueles que participando do corpo de Cristo o seguindo em tudo e pela fé são um prolongamento da paixão e morte de Jesus. Desta forma, com o sofrimento oferecido por um homem se resgata outro homem, outrora afastado de Deus por causa do mal. Ela afirmava não mais ser possível participar da missa sem desejar unir-se ao sacrifício de Cristo pela salvação do mundo.
No dia 15 de abril de 1934, conforme antiga tradição, num domingo, Edith se consagra recebendo o hábito carmelita e adotando o novo nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz. Ela escolheu o nome da Santa que lhe despertou para fé e acrescentou a este o sobrenome Benedita da Cruz, que equivale à bendita cruz, assumindo assim publicamente sua opção radical pelo caminho da cruz, pela vivencia deste símbolo.
Para entrar no Carmelo Stein se dispusera a sacrificar sua atividade de filósofa, contudo recebeu a ordem, do seu superior provincial, de continuar a sua atividade de pesquisa fenomenológica com os seus trabalhos filosóficos. Desta forma pode terminar uma obra esboçada anteriormente do título Ato e potência a qual deu origem à obra Ser Finito e Ser Eterno.
1.4.1. Ave Crux, spes única (Salve Cruz, única esperança)
Edith Stein buscou fugir da ameaça de morte, sendo assim, fica descartado o caráter suicida de sua práxis radical como veremos a seguir:
Depois da “noite dos cristais” 9, é o nome popularmente dado aos atos de violência ocorridos na noite do dia nove de novembro de 1938, a permanência na Alemanha tornou-se, a partir de então, arriscadíssima. Por este motivo, Stein foi enviada pelos seus superiores para o convento de Echt, na Holanda. As carmelitas acolheram em seu seio a exilada no dia 31 de dezembro de 1938.
Em janeiro de 1942, Edith planejou fugir para Suíça com sua irmã, contudo encontrava dificuldades de acolhimento para irmã Rosa que por ser de ordem terceira, ou seja, não era religiosa, deveriam arranjar abrigo em outro lugar, pois o Carmelo acolheria somente Edith.
Nesta época, Milhares de famílias judias já foram expulsas de suas próprias casas e separados em campos de concentração, onde encontrariam trabalhos forçados, tortura, morte e incineração de seus corpos.
No dia 2 de agosto, aproximadamente às cinco horas da tarde, Edith Stein e sua irmã Rosa foram presas e levadas para Gestapo. Chegaram às cinco horas na estação de trem de Hooghalen, foram levadas a um campo de concentração composto de milhares de barracas a uns cinco quilômetros da estação. Depois partiram para o campo de concentração de Amersfoot. A viagem até Amersfoot ocorreu sem incidentes, mas ao chegarem, sofreram toda sorte de vexames e foram coagidos a coronhadas pelos soldados da S.S. , Soldados das Tropas de Assalto, para dormitórios de onde não poderiam sair para nada. Os judeus não católicos foram alimentados, os católicos eram tratados de forma mais impiedosa. Todos partiram para o campo de concentração em Westerbork, de onde puderam enviar telegramas.
Um comerciante judeu de nome Julius, que escapou da deportação com sua esposa, nos contará a impressão que teve da irmã Teresa Benedita:
(...) entre os prisioneiros que chegaram no dia 5 de agosto ao campo (de Westerbork), destacava-se nitidamente Irmã Benedita por seu comportamento pacífico e sua atitude tranqüila. Os gritos, lamentos e o estado de super excitação angustiosa dos recém-chegados eram indescritíveis! Irmã Benedita estava no meio das mulheres, como um anjo de consolação acalmando umas, tratando de outras. Muitas das mães pareciam entregues a uma espécie de prostração próxima à loucura. Deixavam-se ficar por lá gemendo como atoleimadas e descuidando-se de seus filhos. Irmã Benedita ocupava-se dessas crianças, dava-lhes banho, penteava-os, preparava-lhes o alimento, cercando-as dos cuidados indispensáveis. Durante todo o tempo que esteve no campo, dispensou a seus companheiros uma ajuda tão caridosa que todos se mostravam comovidos. (MARKUS apud MIRIBEL, 2001, p.187)
Este comerciante perguntou a Irmã Benedita o que iria acontecer com ela depois daquele momento e ouviu uma resposta simples e serena. Ela lhe disse que estava trabalhando e rezando e esperava poder continuar trabalhando e rezando. Vejamos a mensagem da Irmã Benedita enviada do campo de concentração endereçada ao Carmelo:
Querida madre. Quando Vossa Reverência receber a carta de P... (nome ilegível) ficará sabendo o que ele pensa. Parece-me que nas circunstancias atuais é melhor nada tentar. Abandono-me, porém, nas mãos de Vossa reverência, deixando-lhe a decisão. Estou contente com tudo. Não se pode adquirir uma ‘scientia crucis’ (Ciência da Cruz, era o título de seu ultimo trabalho) sem começar por suportar verdadeiramente o peso da Cruz. Desde o primeiro instante, esta foi minha íntima convicção e disse do fundo do meu coração: Ave crux, spes única. De vossa Reverência, a filha agradecida, Irmã B... (Stein apud MIRIBEL, 2001, p.188)
No dia 9 de agosto de 1942 Edith Stein e sua irmã Rosa foram enviadas para o campo de extermínio de Auschwitz e juntamente com tantos outros judeus foram Levados para câmara de gás10 e gaseificados até a morte, seus corpos foram incinerados em fornos crematórios.
Domingo, 11 de outubro de 1998, data da canonização de Edith Stein pelo Papa João Paulo II, que para os católicos significa acrescentar ao numero dos testemunhos heróicos mais um exemplo de vida, Stein deixa de modo especial o testemunho da busca da verdade.
Um pequeno trecho da homilia do Papa expressa bem a mensagem de Irmã Benedita:
Irmã Teresa Benedita da Cruz disse a todos nós: Não aceitem como verdade nada que esteja privado de amor. E não aceitem como amor nada que esteja privado da verdade! Um sem a outra se torna uma mentira destruidora. A nova Santa nos ensina, enfim, que o amor por Cristo passa pela dor. Quem ama de verdade não recua diante da perspectiva do sofrimento: aceita a comunhão na dor com a pessoa amada. (João Paulo II apud Sciadini 2007, p.134)
Edith Stein formulou sua própria filosofia, fruto de uma busca pessoal pela verdade. O que dá mais credibilidade ao seu pensamento é o testemunho da práxis, possível mesmo quando exigida seu limite extremo de coerência.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O MISTÉRIO DO NATAL - Edith Stein

Cap. I - ENCARNAÇÃO E HUMANIDADE


Quando os dias ficam cada vez mais curtos, quando caem os primeiros flocos de neve (normal, no inverno alemão), então surgem suavemente os primeiros pensamentos natalinos.

Destas simples palavras emana um encanto ao qual é difícil um coração ficar indiferente. Mesmo os que têm uma fé diferente, ou os infiéis, para os quais a antiga história da criança de Belém nada significa, preparam-se para a festa e pensam, em como acender um raio de alegria em toda parte. É como uma correnteza quente de amor perpassando toda a terra, meses e semanas antes. Uma festa de amor e de alegria. Esta é a estrela para a qual todos se dirigem nos primeiros meses de inverno. Para os cristãos e, principalmente, para os cristãos católicos, significa algo mais: a estrela os conduz para o presépio onde está a criança, que traz a paz para a terra. A arte cristã apresentanos isto através de inúmeros quadros formosos; cantos antigos nos falam sobre isso, fazendo ecoar todo o encanto da infância.

Para quem vive a liturgia da Igreja, os sinos do “Rorate Coeli” e os cânticos do advento, despertam no coração uma santa saudade; para quem está unido à fonte inesgotável da santa liturgia, o grande profeta da encarnação diariamente bate à porta com suas poderosas palavras de advertências e promessas: “Céus, gotejai lá de cima, e que as núvens chovam o justo! O Senhor já está perto! Vinde adoremo-Lo! Vem Senhor, não tardeis mais! - Jerusalém, regozijai com grande alegria, pois o teu Salvador vem a ti”. De 17 a 24 de dezembro, as grandes Antífonas do “Ó” conclamam para o Magnificat (Ó Sabedoria, Ó Adonai, Ó Raiz de Jessé, Ó Chave de Davi, Ó Sol Nascente, Ó Rei dos Reis, Ó Emanuel), de forma mais saudosa e enérgica: “Vinde, para nos libertar.” E, sempre mais promissora, ecoa: “Veja, tudo se completou”(no último domingo do Advento); e, finalmente: “Hoje sabereis que o Senhor virá e amanhã contemplareis a sua glória”. Sim, quando à noite, as luzes clareiam as árvores enfeitadas, e os presentes são trocados, o desejo incompleto aponta para um outro clarão de luz. Os sinos tocam para a missa do galo, e se renova nos altares, enfeitados de luzes e de flores, o milagre da noite santa: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Agora sim, chegou o momento da feliz redenção.

Cap. II - O SEGUIMENTO DO FILHO DE DEUS FEITO HOMEM

Cada um de nós talvez já tenha experimentado tal felicidade natalina. Mas, até aqui, o céu e a terra não se uniram. Também hoje a estrela de Belém é uma estrela na noite escura. Já, no segundo dia, a Igreja tira as vestes festivas e se reveste com a cor do sangue e, no quarto dia, de cores enlutadas. Estêvão, o protomártir, que primeiro seguiu o Senhor para a morte, e os santos inocentes, as criancinhas de Belém de Judá, mortas cruelmente por mãos de algozes, estão ao redor da criança no presépio. O que quer dizer isto? Onde está o júbilo das potências celestes? Onde está a tranqüila bem-aventurança da noite santa? Onde está a paz na terra? “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Mas, nem todos têm boa vontade.

Por isso, o Filho do Pai Eterno nasceu da glória celeste, pois o mistério do mal encobriu a terra com a escuridão.

Trevas cobriram a terra e Ele veio como a luz, que iluminou as trevas, mas as trevas não O conheceram. Àqueles que O acolheram, Ele trouxe a luz e a paz; a paz com o Pai do céu, a paz com todos que, com Ele, são filhos da luz e filhos do Pai do céu, e a profunda paz do coração; mas, não a paz com os filhos das trevas. Para eles, o Príncipe da paz não traz a paz e sim, a espada. Para eles o Senhor é a pedra de tropeço, contra quem atacam e na qual serão destruídos. Esta é uma grande e séria verdade, que não podemos encobrir por causa do encanto poético da criança no presépio. O mistério da encarnação e o mistério do mal vão juntos. Contra a luz que vem do alto, contrasta a noite do pecado e a torna escura e tenebrosa. A criança no presépio estende as mãos e o seu sorriso parece dizer, oque mais tarde pronunciaram os lábios do Filho do Homem: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo”. E aqueles que seguem o seu chamado, os pobres pastores, aos quais nos campos de Belém o resplendor do céu e a voz do anjo anunciaram a Boa Nova e que responderam confiantes: “Vamos a Belém”, e se puseram a caminho; os reis, vindos do oriente longínquo seguiram, na mesma fé simples, a estrela milagrosa para eles, através das mãos da criança, correu o orvalho da graça e “eles exultaram com grande alegria”. Estas mãos dão e, ao mesmo tempo, cobram: vós, sábios, despojai-vos de vossa sabedoria e tornai-vos simples como crianças; vós, reis, entregai vossas coroas e vossos tesouros e inclinai-vos, humildemente, diante do Rei dos reis; aceitai, sem hesitação, os fardos, dores e pesares, exigidos pelo vosso serviço; de vós crianças, que não podeis ainda oferecer nada gratuitamente, tiram a vossa tenra vida, antes dela ter propriamente começado: ela não pode servir melhor do que ser sacrificada ao Senhor da vida.

“Siga-me”, dessa maneira se expressaram as mãos do menino, como mais tarde repetirá com os lábios o Mestre. Assim foi dito ao discípulo, a quem o Senhor amava. E São João, o jovem com o coração puro de criança, seguia sem perguntas: Para onde? E para quê? Ele deixou a barca do pai e seguiu o Senhor em todos os caminhos até ao gólgota.

“Siga-me” - também entendeu o jovem Estêvão. Ele seguiu o Senhor na luta contra os poderes das trevas, a cegueira da descrença obstinada; ele deu testemunho do Senhor com sua palavra e com seu sangue; ele O seguiu também em seu Espírito, no Espírito do Amor, que combate contra o pecado, mas que ama o pecador, e ainda na morte intercede diante de Deus pelos assasssinos.

São personagens de luz, que rodeiam o presépio: os santos tenros inocentes, os simples e fiéis pastores, os reis humildes, Estêvão, o discípulo entusiasmado e João, o discípulo predileto. Todos eles seguiram o chamado do Senhor. Em oposição a eles se encontram na noite da dureza e cegueira incompreensíveis os doutores da lei, que podem dar informações sobre o tempo e o lugar onde devia nascer o Salvador do mundo, mas não deduzem daí: “Vamos a Belém”; o rei Herodes pretende matar o Senhor da vida.

Diante da criança no presépio, os espíritos se dividem. Ele é o rei dos reis e o Senhor da vida e da morte. Ele fala o seu: “Siga-me”, e quem não for a seu favor, é contra Ele. Ele o diz também para nós e nos coloca diante da decisão entre luz e trevas.

Cap. III - O CORPO MÍSTICO DE CRISTO

3.1 - SER UM COM DEUS

Para onde o Menino-Deus nos conduzirá nesta terra, isto não sabemos e não deveríamos erguntar antes do tempo. Só sabemos que para aqueles que amam o Senhor, todas as coisas servem para o bem. Os caminhos pelos quais o Senhor nos conduz, levam-nos para além desta terra.

Ó troca maravilhosa! O criador do gênero humano encarnando-se, concede-nos a sua divindade. Por causa desta obra maravilhosa o Redentor veio ao mundo. Deus se tornou Filho do homem, para que os homens se tornassem filhos de Deus. Um de nós rompeu o laço da filiação divina, e um de nós devia reatar o laço, pagando pelo pecado. Nenhum da antiga e enferma raça podia fazê-lo. Devia ser um rebento novo, sadio e nobre. Tornou-se um de nós e, mais do que isto: unido conosco. O maravilhoso no gênero humano é que todos somos um. Se fosse diferente, estaríamos lado a lado, como indivíduos autônomos e separados, e a queda de um não poderia ter se tornado a queda de todos. Podia ter sido pago e atribuído a nós o preço da expiação, mas não teria passado a sua justiça para os pecadores, e não teria sido possível nenhuma justificação. Mas Ele veio, para tornar-se conosco um corpo místico. Ele, nossa cabeça, nós, os seus membros. Ponhamos nossas mãos nas mãos do Menino-Deus, pronunciando o nosso “Sim” ao seu Siga-me”. Então, nos tornamos Seus, e o caminho está livre, para que a sua vida divina possa passar para a nossa.

Isto é o começo da vida eterna em nós. Não é ainda a visão beatífica de Deus na luz da glória, é ainda escuridão da fé, mas não é mais deste mundo, já é estar no Reino de Deus. Quando a bem-aventurada Virgem pronunciou o seu “Fiat”, aí começou o Reino de Deus na terra e ela se tornou a sua primeira serva. E todos, que antes e depois do nascimento da criança, por palavras e obras, se declararam a seu favor: São José, Santa Isabel com seu filho e todos os que estavam ao redor do presépio, entraram no Reino de Deus.

Tornou-se diferente do que se pensou, conforme os salmos e profetas o reinado do divino rei. Os romanos continuaram os dominadores da terra, os sumo sacerdotes e os doutores da lei continuaram a subjugar o povo pobre.

De forma invisível, cada um, que pertencia ao Senhor, trazia o Reino de Deus em si. O seu fardo terreno não lhe foi tirado, e sim outros fardos acrescentados; mas, o que ele trazia dentro de si, era uma força animadora, fazendo o fardo suave e a carga leve. Assim acontece ainda hoje com os filhos de Deus. A vida divina, acesa em sua alma, é a luz que veio nas trevas, o milagre da noite santa. Quem traz esta luz dentro de si, compreende quando se fala dela. Para os outros, porém, tudo o que se pode dizer a respeito, é um balbuciar incompreensível. Todo o evangelho de São João é um canto à luz eterna, que é amor e vida. Deus está em nós e nós nele, esta é a nossa parte no reino de Deus, para a qual a Encarnação colocou o alicerce.

3.2 - SER UM EM DEUS

Ser um com Deus: este é o primeiro passo. Mas, o segundo é a conseqüência do primeiro. Cristo sendo a cabeça e nós membros do corpo místico, estamos unidos elo a elo, todos somos um em Deus, uma única vida divina. Se Deus é Amor e está em nós, então não pode ser diferente o nosso amor para com os irmãos. Por isto o amor humano é a medida do nosso amor a Deus. Mas, é algo mais do que o simples amor humano. O amor natural se dirige a um outro, ligado pelos laços do sangue ou por afinidades de caráter ou por interesses comuns. Os outros são “estranhos”, que “não nos importam”, talvez até por seu jeito antipático, de forma que mantemos a devida distância. Para o cristão não existe “gente estranha”. Próximo é aquele que encontramos em nosso caminho e que mais necessita de nós; indiferentemente, se é parente ou não, se a gente gosta dele ou não, se ele é “moralmente digno” da nossa ajuda ou não. O amor de Cristo não tem limites, ele nunca termina, ele não recua diante da feiura ou sujeira. Ele veio por causa dos pecadores e não por causa dos justos. E se o amor de Cristo mora em nós, então, façamos como Ele, indo ao encontro das ovelhas perdidas.

O amor natural visa a ter a pessoa amada para si, possuindo-a de forma mais exclusiva. Cristo veio, para devolver ao Pai a humanidade perdida; e quem ama com seu amor, este quer os homens para Deus e não para si. Este é, ao mesmo tempo, o caminho mais seguro para possuí-las para sempre; pois, se amamos uma pessoa em Deus, então somos com ela um em Deus, en- quanto que o vício da conquista muitas vezes - mais cedo ou mais tarde - sempre resulta em perda.

Há um princípio válido para todas as almas e para os bens exteriores: quem, ambiciosamente, se ocupa em ganhar e apropriar, perde; porém, aquele que tudo oferece a Deus, ganha para sempre.

3.3 - SEJA FEITA A TUA VONTADE

Com isto estamos tocando no terceiro sinal da filiação divina: Ser um com Deus, foi o primeiro. Que todos sejam um em Deus, foi o segundo. O terceiro: “Nisto reconheço que vós me amais, se observardes os meus mandamentos”.

Ser filho de Deus significa: andar apoiado na mão de Deus, na vontade de Deus; não fazer a vontade própria, colocar todo cuidado e toda a esperança nas mãos de Deus, não se preocupar consigo e com seu futuro. Nisto consiste a liberdade e a alegria dos filhos de Deus. Tão poucos as possuem, mesmo entre os realmente piedosos, mesmo entre os heroicamente dispostos ao sacrifício. Sempre andam encurvados sob o peso dos cuidados e obrigações.

Todos conhecem a parábola dos pássaros do céu e dos lírios do campo. Mas quando encontram uma pessoa que não tem herança, nem pensão e nem seguro e, mesmo assim, vive tranqüilo quanto ao seu futuro, aí meneiam a cabeça como se fosse algo incomum.

Contudo, quem esperar do Pai do céu, que cuide a toda hora de seu dinheiro e da condição de vida que ele gostaria de ter, por certo, vai se enganar. A confiança em Deus vai se firmar inabalavelmente, quando incluir a disposição de aceitar tudo das mãos do Pai. Pois, somente Ele sabe o que é bom para nós. E, se a necessidade e a privação forem mais convenientes do que uma renda folgada e segura, ou insucesso e humilhação, melhor do que honra e reputação, então se deve estar preparado para isso. Se assim fizermos, podemos viver despreocupados com o futuro e com o presente.

O “seja feita a vossa vontade”, em toda a sua amplitude, deve ser o fio condutor da vida cristã. Ele deve nortear o correr do dia, da manhã até a noite, o correr do ano e de toda a vida. Será a única preocupação do cristão. Todos os outros cuidados, o Senhor assume. Mas, esta única preocupação pertence a nós, enquanto vivermos. Objetivamente, não somos definitivamente firmes para permanecermos sempre nos caminhos de Deus. Assim como os primeiros pais perderam a filiação divina pelo distanciamento de Deus, assim cada um de nós está sempre entre o nada e a plenitude da vida divina. Mais cedo ou mais tarde isto se torna também uma experiência subjetiva. No começo da vida espiritual, quando começamos a nos entregar à direção de Deus, é que sentimos bem forte e firme a mão que nos conduz; de forma clara aparece para nós, o que devemos fazer ou deixar de fazer. Mas isto não é sempre assim. Quem pertence a Cristo, deve viver a vida de Cristo. Deve-se amadurecer até à idade adulta de Cristo, ele deve iniciar a via-sacra para o Getsêmane e o Gólgota. E todos os sofrimentos que vêm de fora, são nada comparados com a noite escura da alma, quando a luz divina cessa de clarear e a voz do Senhor se cala. Deus está presente, porém, escondido e silencioso. Por que acontece isto? São os mistérios de Deus, dos quais falamos, ele não se deixa penetrar completamente. Só podemos vislumbrar algumas facetas desse mistério e, por isso, Deus se fez homem; para voltar e fazer-nos participar da sua vida. Esse é o começo e a meta final. Mas, no meio se encontra ainda outra coisa. Cristo é Deus e homem e, quem quer partilhar a sua vida, deve fazer parte de sua vida divina e humana. A natureza humana que Ele aceitou, deu-lhe a possibilidade de sofrer e morrer; a natureza divina, que Ele possui desde toda a eternidade, deu à sua paixão e morte um valor infinito e uma força redentora. A paixão e morte de Cristo continuam no seu corpo místico e em todos os seus membros. Todo homem tem que sofrer e morrer. Porém, se ele for membro vivo no corpo de Cristo, então, o seu sofrimento e sua morte adquirem pela divindade de seu corpo, força salvadora. Esta é a causa objetiva por que todos os santos desejam sofrer. Não se trata de um prazer doentio de sofrer. Aos olhos da razão natural, isto pode parecer perversidade. À luz do mistério da redenção, contudo, isto se revela de maneira sublime. E assim a pessoa -ligada- a Cristo, mesmo na noite escura do distanciamento subjetivo de Deus e abandono, persistirá; talvez a divina providência permita o tormento, para libertar a pessoa objetivamente aprisionada. Por isto: “Seja feita a Vossa vontade”, mesmo quando na noite mais escura.

Cap. IV - MEIOS SALVÍFICOS

Será que podemos falar alto “seja feita a Vossa vontade”, quando não temos mais a certeza daquilo que a vontade de Deus exige de nós? Temos meios para permanecer no Seu caminho, quando se apaga a luz interior? Existem tais meios, e tão fortes, que o erro, apesar das possibilidades, de fato se torna infinitamente improvável. Deus veio para nos salvar, se nos unirmos a Ele, se conformarmos a nossa vontade com a Sua. Ele conhece a nossa natureza. Ele conta com ela, e por isso nos deu tudo, que nos pode ajudar, para alcançar o fim.

O Deus-Menino se tornou nosso permanente mestre para nos dizer o que devemos fazer. Para que a vida humana seja inundada da vida divina, não basta uma vez por ano, ajoelhar-se diante do presépio e deixar-se cativar pelo encanto da Noite Santa. Para isto, devemos estar em comunicação diária com Deus, ouvir as palavras que Ele falou e que nos foram transmitidas, e segui-las. E, antes de tudo, rezar, como o Salvador mesmo ensinou e sempre de novo incutiu insistentemente. “Pedi e recebereis”. Esta é a promessa segura de atendimento. E quem fala diariamente, de coração, “ ó Senhor, seja feita a tua vontade”, pode confiar, que não desrespeita a vontade divina, onde subjetivamente não tem certeza.

Além disso, Cristo não nos deixou órfãos. Ele mandou o seu Espírito, que nos ensina toda a verdade; Ele fundou a sua Igreja, que é conduzida pelo seu Espírito, e estabeleceu nela os seus representantes, pela boca dos quais o seu Espírito fala para nós com palavras humanas. Nela uniu os fiéis em comunidade e deseja que um ajude o outro. Assim, não estamos sós, e onde fracassa a confiança em si mesmo e a própria oração, aí ajuda a força da obediência e a força da intercessão.

“E o Verbo se fez carne”. Isto se tornou realidade no estábulo de Belém. Mas cumpriu-se ainda de outra maneira. “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, este terá a vida eterna”. O Salvador que sabe que somos e permanecemos humanos, tendo que lutar dia após dia, com fraquezas, vem em auxílio da nossa humanidade de maneira verdadeiramente divina. Assim como o corpo terrestre precisa do pão cotidiano, assim também a vida divina em nós precisa ser alimentada constantemente. “Este é o pão vivo que desceu do céu”. Quem come deste pão todos os dias, neste se realizará, diariamente, o mistério do Natal, a Encarnação do Verbo. E este, certamente, é o caminho mais seguro, para se tornar “um com Deus” e de penetrar dia a dia de maneira mais firme e mais profunda no Corpo Místico de Cristo. Eu sei que para muitos pode parecer um desejo por demais radical. Para a maioria, isto significa, começar de novo, uma reorganização de toda a vida interna e externa. Mas deve ser assim! Na nossa vida deve se criar espaço para o Cristo eucarístico, para que Ele possa transformar a nossa vida na sua vida: será que é exigir demais? A gente tem tempo para tantas coisas fúteis, tantas coisas inúteis: ler livros, revistas, jornais, freqüentar restaurantes, conversar na rua 15 ou 30 minutos, tudo isto são “dispersões”, onde esbanjamos tempo e força. Não se poderá reservar uma hora pela manhã, para se concentrar, e ganhar força, para enfrentar o resto do dia? Mas, na verdade, é necessário mais que uma hora. Devemos viver de tal maneira, que uma hora se suceda à outra e estas, prepararem as que vierem. Assim, não será mais possível “deixar-se levar” mesmo temporariamente pelo afã do dia. Com quem se vive diariamente, não se pode desconsiderar o seu julgamento. Mesmo sem dizer palavras, percebemos como os outros nos consideram. Tentamos nos adaptar conforme o ambiente e, se não conseguimos, a convivência se torna um tormento. Assim também acontece na comunicação diária com o Senhor. Tornamo-nos cada vez mais sensíveis àquilo que Lhe agrada ou desagrada. Se antes, estávamos mais ou menos contentes com nós mesmos, agora isto se torna diferente. E descobriremos em nós muita coisa que precisa ser melhorada e outras que às vezes, são quase impossíveis de serem mudadas. Assim nos tornaremos pequenos, humildes, pacientes e condescendentes com o “cisco no olho de nosso próximo”, pois a “trave” no nosso olho nos incomoda. Finalmente, aprenderemos a aceitar-nos tal qual somos à luz da presença divina e a nos entregar à divina misericórdia, que poderá vencer tudo aquilo que está além de nossas forças.

Da auto-suficiência de um “bom católico”, que “cumpre com seus deveres”, que “lê um bom jornal” e “vota certo” etc. - mas que, no entanto, pratica o que ele bem quer - há um longo caminho até chegar a viver na mão de Deus e da mão de Deus, na simplicidade da criança e na humildade do cobrador de impostos. Mas quem uma vez andou, não voltará atrás. Assim, filiação divina quer dizer: tornar-se pequeno e, ao mesmo tempo, tornar-se grande. Viver da eucaristia quer dizer: sair, espontaneamente da estreiteza da própria vida e penetrar na amplitude da vida de Cristo. Quem visita o Senhor na sua casa, não quer se ocupar sempre e somente com seus problemas. Vai começar a interessar-se pelas coisas do Senhor. A participação no sacrifício diário nos leva livremente à totalidade litúrgica. As orações e os ritos do culto divino nos apresentam, no decorrer do ano litúrgico, a história da salvação diante da nossa alma, deixando penetrar-nos sempre mais profundamente no seu sentido.

E a ação sacrificial nos impregna sempre de novo o mistério central de nossa fé, o ponto angular da história universal: o mistério da Encarnação e Redenção. Quem poderia com coração aberto participar do santo sacrifício, sem ser envolvido por este espírito de sacrifício, sem ser tomado pelo desejo, dele mesmo e com sua pequena vida pessoal, se integrar na grande obra do Salvador? Os mistérios do cristianismo são um todo indiviso. Quando nos aprofundamos num deles, seremos conduzidos para todos os outros. Assim, o caminho de Belém conduz, seguramente, para o Gólgota; do presépio para a cruz. Quando a bem-aventurada Virgem levou a criança para o templo, foi-lhe profetizado que uma espada atravessaria a sua alma, e que esta criança seria a causa da queda e do reerguimento de muitos; um sinal de contradição. É o anúncio da paixão, da luta entre a luz e treva, que já se manifesta no presépio.

Em alguns anos a apresentação do Senhor coincide com a septuagésima, a celebração da encarnação e a preparação para a paixão. Na noite do pecado brilha a estrela de Belém. No esplendor da luz, que sai do presépio, cai a sombra da cruz. A luz se apaga nas trevas da sexta-feira santa, mas se levanta com mais fulgor, como sol da graça, na manhã da ressurreição. Através da cruz e da paixão para a glória da ressurreição, foi o caminho do Filho de Deus encarnado.

Chegar com o Filho do Homem, pela paixão e morte à glória da Ressurreição, é o caminho de cada um de nós, por toda a humanidade.

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Mistério do Natal - Santa Edith Stein - Tradução de Hermano José Cürten - Edusc Editora

FELIZ NATAL !

CELEBRAR O NATAL À LUZ DO PENSAMENTO STEINIANO...




É CELEBRAR A SABEDORIA ENCARNADA.






É CELEBRAR A VERDADE ENCONTRADA NUMA MADRUGADA EM UM LIVRO.







É CONTEMPLAR, AÇÃO TÃO COMUM AOS FILÓSOFOS.



É ACREDITAR QUE O SER HUMANO É CAPAZ DE SE PLENIFICAR.

NÓS QUE FAZEMOS O GT EDITH STEIN DESEJAMOS A TODOS SANTO E ...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MATERIAL ENVIADO POR NOSSA CORRESPONDENTE DE ROMA

PREPARANDO O NATAL COM EDITH STEIN



Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padoreira da Europa
O Presépio e a Cruz

«Cumpriram-se os tempos […] Segui-me, vinde após mim»


O menino no presépio é o Rei dos reis, Aquele que reina sobre a vida e a morte. Ele diz : «Segue-me», e quem não está com Ele está contra Ele (Lc 11,23). Isto Ele di-lo também para nós e dá-nos a escolher entre a luz e as trevas. Ignoramos aonde o Menino divino nos quer conduzir aqui na terra, e não o devemos perguntar antes do tempo certo. O que sabemos, é que tudo contribui para o bem daqueles que amam o Senhor (Rm 8,28), e que os caminhos traçados pelo Senhor vão para lá desta terra.
Ao tomar um corpo, o Criador do género humano ofereceu-nos a sua divindade. Deus fez-se homem para que os homens pudessem tornar-se filhos de Deus. «Ó troca admirável!» É por essa obra que o Salvador veio ao mundo. Um de entre nós houvera rompido o laço da nossa filiação em Deus; de entre nós um deveria renunciar e expiar a sua falta. Mas rebento algum da velha cepa, doente e degenerada, o pôde fazer; era preciso que nesse tronco fosse enxertada uma planta nova, sã e nobre. Ele tornou-se assim um de nós e muito mais do que isso: um em nós. Aqui está o que de mais maravilhoso há no género humano: que todos sejamos um. […] Ele veio para formar connosco um corpo misterioso: Ele é o Chefe, a cabeça, e nós os seus membros (Ef 5, 23.30).
Se aceitarmos pôr nas mãos do Menino divino as nossas, se respondermos «Sim» ao seu «Segue-me», então seus seremos e o caminho ficará livre para que Ele nos passe a sua vida divina. Assim é o início da vida eterna em nós. Não é ainda a visão beatífica na luz da glória, é ainda a obscuridade da fé; mas já não é a obscuridade deste mundo – é estarmos já no Reino de Deus.


VOCÊ PODE ENCONTRAR ESTA TRADUÇÃO NO LINK "BIBLIOGRAFIA TRADUZIDA PARA O PORTUGUÊS" QUE FICA A SUA DIREITA.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CONTEXTO HISTÓRICO - FILOSÓFICO DE EDITH STEIN

Ramirez Silva


Os Stein chegaram a Breslau, na Alemanha, em 1890. Siegfried Stein, negociante de madeira, e sua mulher Augusta Courant formavam um casal judeu profundamente religioso. No dia 12 de outubro de 1891 nasceu seu sétimo filho, e deram à menina o nome de Edith. Para os judeus aquele dia era dia de penitência, o dia da Expiação. Para a senhora Stein, judia fervorosa, o nascimento de sua filha naquele dia era um sinal divino de que a pequena Stein teria no futuro um papel grandioso na história de seu povo.

Passados dois anos, Edith ficou órfã de pai vitimado por uma insolação durante uma viagem de trabalho. A senhora Stein, com grande vigor, continuou os negócios da família e criou seus sete filhos num ambiente de austeridade e ternura, calcado no Antigo Testamento, seguindo as tradições e costumes judeus com zelo.

Erna, irmã de Edith, assim descreve a vida cotidiana ao lado de sua mãe e irmãos:

    Nossa casa era um lar de judeus ortodoxos. Observávamos cuidadosamente os dias de jejum e festas. Minha mãe acreditava em Deus sinceramente, mas era bastante larga de espírito, para não exercer a menor pressão religiosa sobre nós. As crianças de nossas famílias aprenderam o hebraico numa escola israelita, exceto as duas últimas, Edith e eu. Morávamos, então, nos arredores da cidade e mamãe não queria que percorrêssemos sozinhas a grande distância que nos separava daquela instituição. (BIENIAS apud MIRIBEL, 2001, p. 35)

Em outubro de 1897, aos seis anos, Edith iniciou seus estudos e rapidamente demonstrou uma admirável vontade de aprender, superando suas colegas de classe mais velhas que ela. Suas matérias preferidas eram: alemão, história e línguas. Aprendeu a falar o francês, o inglês e o espanhol, e a ler latim, grego e hebraico. No fim da vida iria aprender facilmente o holandês. Um colega de sala nos relatará mais de perto os extraordinários dons de Edith: “No entanto, acrescentou, não tinha o menor convencimento, era profunda, reservada, silenciosa, sempre complacente e compreensiva para com suas companheiras”. (BIENIAS apud MIRIBEL, 2001, p.38)

A senhora Stein, não se enganava quando temia a influência das teorias céticas e liberais sobre sua filha. Aos treze anos de idade, Edith “abandonou a fé e a oração” e até aos vinte e um anos não conseguia crer na existência de Deus. Mais tarde Erna e Edith ingressaram na Universidade de Breslau (Universidade recém fundada). A primeira optou pela medicina e a segunda dedicou-se às pesquisas filosóficas tendo se matriculado em história e filologia1. Depois, Stein se interessou pela psicologia experimental e após isto se apaixonou pela filosofia.

No tocante as questões sociais, Edith Stein lutou pelos direitos da mulher, pelos direitos dos grevistas; e após a guerra de 1914 trabalhou com tenacidade pela república de Weimar, militando no partido democrático, ela amava sua pátria.

Em 1912, aos vinte e um anos de idade, Edith escreveu um relatório falando sobre a evolução do pensamento na psicologia experiencial2 segundo Kulpe, Buhler e Messer, cujos trabalhos faziam referencia a Edmund Husserl e suas Pesquisas Lógicas. Um professor chamado Reinach ao perceber o entusiasmo de Edith no estudo dos textos filosóficos recomendou-lhe a leitura da segunda parte das Pesquisas Lógicas3.

Após a leitura do segundo tomo das Pesquisas lógicas, Edith Stein reconheceu Husserl “o filósofo e incontestavelmente o mestre de seu tempo (...)” (BIENIAS apud MIRIBEL, 2001, p. 42) por isso, trocou Breslau por Göttingen, cidade que os seus colegas mais velhos costumavam chamar de paraíso da filosofia, onde o assunto sempre era a fenomenologia.

Este período foi marcado pelo entusiasmo juvenil da estudante de filosofia ao descobrir a fenomenologia:

    Tinha vinte e um anos, escreveu ela, e estava cheia de esperanças. A psicologia desapontou-me. Cheguei à conclusão de que esta ciência estava engatinhando, e que lhe faltava fundamentos objetivos. Mas o pouco que eu conhecia de fenomenologia, sobretudo seu método objetivo de trabalho, encantava-me. (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p. 43)

Passar do domínio das pesquisas especializadas para o do problema do conhecimento era, para Edith, uma libertação. Sair do ambiente fechado dos parentes judeus e amigos para mergulhar na cidade universitária preocupada com os problemas contemporâneos era viver a liberdade tão desejada. O primeiro contato de seu mestre com Stein foi excelente, ao saber da mesma que tinha lido o segundo tomo completo das Pesquisas Lógicas, Husserl ficou impressionado, e assim a admitiu em Göttingen.

Em 1914, a guerra veio interromper seus estudos. Durante dois anos Edith cuidou de feridos no hospital austríaco de Mähren e recebeu a medalha da Cruz Vermelha. Ao terminar o doutorado, recebeu a nota summa cum laude, ou seja, nota máxima com louvor. A partir de então, Husserl a convidou para trabalhar com ele na Universidade de Friburgo de Brisgau. No verão de 1916, durante o primeiro semestre, Edith, com vinte e cinco anos, foi chamada a ser assistente de Husserl que acabava de ser nomeado para cátedra de filosofia daquela cidade.

1.2. Contexto da experiência da Cruz.

Em novembro de 1917, morreu o professor Reinach em Flandres. A jovem viúva, Anna, pediu a sua amiga Edith que ajudasse a organizar os trabalhos filosóficos de seu marido para uma publicação póstuma. Imediatamente, Edith Stein deixou seus trabalhos para cumprir seu dever de amiga. Stein ficou sem palavras diante deste acontecimento, ela conhecia a felicidade do casal protestante, e temia ver sua amiga esmagada pela dor, contudo a encontrou transformada pela provação. Vendo no rosto de Anna as marcas da dor profunda, Edith percebeu que emanava da alma de sua amiga a força de Cristo, uma nova luz que a unia ao Crucificado deixando em Edith uma impressão indelével. Essa experiência de dor humana, do sofrimento, aqui referido, abre uma perspectiva antropológica que será abordada mais objetivamente no último capítulo. Na verdade, o sofrimento humano tem um valor que a pessoa muitas vezes não percebe, e que é primordial na sua própria formação enquanto pessoa humana.

Um pouco antes da morte Stein disse a um sacerdote:

    Este foi meu primeiro encontro com a Cruz, com esta força divina que ela emana aos que a carregam. Pela primeira vez, a Igreja nascida da Paixão de Cristo, e vitoriosa sobre sua morte, me apareceu visivelmente. No mesmo instante minha incredulidade cedeu, o judaísmo empalideceu aos meus olhos e a luz de Cristo refulgiu em meu coração. A luz de Cristo no mistério da Cruz. Esta é a razão pela qual, tomando o habito de carmelita, desejei unir ao meu nome o da Cruz... (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p.60)

O segundo momento de encontro com o crucificado ocorre durante sua vida estudantil, quando Edith Stein conheceu Hedwig Conrad-Martius e as duas firmaram laços de amizade. Após casar-se, a senhora Conrad-Martius foi morar em Bergzabern, no Palatino, numa vasta propriedade cheia de pomares. Esta casa tornou-se um centro de encontro para o círculo filosófico de Göttingen, um ponto de férias aberto a acolher a todos para discussões filosóficas. Edith permanecia hospedada junto à família de Conrad-Martius e vivia uma vida austera. Cultivavam a terra e se revezavam nos afazeres domésticos ajudados por dois camponeses.

Edith era uma mulher sábia e benevolente de inesgotável devotamento, mas mantinha-se muito fechada e silenciosa. Participava dos cultos protestantes com Hedwig Conrad-Martius e após o culto dominical Hedwig ouviu a seguinte observação: “O céu esta fechado para os protestantes, mas aberto para os católicos” (BIENIAS apud MIRIBEL, 2001, p. 64). Edith em seu habitual silêncio estava discernindo a escolha de sua fé.

No verão de 1921 os Conrad-Martius tiveram que se ausentar, então entregaram as chaves da biblioteca para Edith Stein. Estando sozinha Stein pegou aleatoriamente um livro autobiográfico de Santa Teresa de Ávila, após iniciar a leitura foi cativada de tal forma que deixou o livro somente quando o terminou pela madrugada. Ao terminar a leitura, Edith Stein disse para si mesma: “é a verdade”. Após este acontecimento, Stein iniciou sozinha sua instrução religiosa, valendo-se de um missal e de um catecismo. Após completar dezoito meses de permanência na residência dos Conrad-Martius Stein pediu o batismo na Igreja Católica e o recebeu na igreja de Bergzabern.

Depois do batismo, fez a primeira comunhão e, deste dia em diante, freqüentava diariamente às missas, seus amigos relatam deste dia a alegria de Edith que fazia lembrar uma noiva em seu casamento. O bispo de Spira, Dom Luís Sebastião, crismou Edith em sua capela particular e tornou-se seu diretor espiritual. Após esta jornada espiritual, faltava ainda comunicar a sua mãe que havia se tornada católica. Para um judeu, isto é tornar-se um traidor de seu povo, um traidor da tradição judaica.

Então Stein viajou para Breslau para comunicar sua mãe de sua conversão ao catolicismo. Ao chegar à casa aos pés de sua mãe e disse firmemente: “Mamãe, eu me tornei católica”. (STEIN apud MIRIBEL, 2001, p.68). Esta heróica mãe acostumada ao sofrimento, diante de tal noticia não se conteve e chorou. Sua filha nunca tinha visto a mãe chorar e também verteu lágrimas de dor. Mãe e filha ficaram juntas por seis meses indo à sinagoga juntas e cumprindo os jejuns e preceitos judeus. Inutilmente sua mãe tentava convencer sua filha a voltar para a crença do Deus único revelado ao povo judeu.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

EDITH STEIN Y SU VISION DE LA FILOSOFIA DE LA HISTORIA













Diác. Diego Cubides Umba, EP


En los primeros años de sus estudios universitarios en Breslau, Edith recuerda una serie de disertaciones de compañeros caídos en el frente y tiene la sensación de pertenecer a una generación hace tiempo desaparecida, preguntándose cómo es que aún vive:

En general son dos cosas que mantienen en pie mi energía: el deseo de ver qué va a ser de Europa, y la esperanza de hacer algo para la filosofía. De momento, se me interpone una espesa niebla, sobre todo en lo referente a la situación política;…pero no puedo desechar la idea de que la historia del mundo tiene un sentido. Qué margen queda aquí abierto a la intervención de cada uno, ésta es una cuestión sobre la que hace tiempo me rompo la cabeza[1].

Sus consideraciones alcanzaban no sólo los hechos concretos de la política, sino que Edith también emitía su juicio sobre las personas que en ella actuaban y sobre la influencia que sus opiniones académicas ejercían sobre sus propios pensamientos; con la finura propia de mujer, se fija en los pequeños detalles, haciendo descripciones muy reales:

El viejo señor Kaufman, un anciano de bellos cabellos blancos y unos ojos azules joviales y radiantes, así como el profesor Zeiekursel, que era bastante joven, pequeño, pero tieso y enérgico, eran políticos nacional liberales. Se sentían orgullosos del nuevo imperio en el que todos habíamos sido educados, pero no había en ello una divinización de la casa reinante, ni estrechamiento causado por el punto de vista prusiano. Se despertó en mí de nuevo mi antiguo gusto por la historia, hasta el punto de que en los primeros semestres llegase a dudar de si no había de ser ella el campo fundamental de mi trabajo. Este amor por la historia no era un simple sumergirme romántico en el pasado; iba unido estrechamente a los sucesos políticos del presente, como historia que se está haciendo. Ambas cosas produjeron una extraordinaria y fuerte conciencia de responsabilidad social, un sentimiento a favor de la solidaridad de todos los hombres[2].

Este amor por la persona humana y su riqueza individual, reflejada en la variedad de naciones, la mantuvo inmune a las filosofías materialistas de su tiempo que sustentaban una superioridad física de unos hombres sobre otros y que justificaban la violencia con sistemas de gobierno totalitarios. Era el repudio al fundamento doctrinario de lo que más tarde sería conocido como el Nazismo:

Con la misma fuerza que rechazaba un nacionalismo darwinista*, me adhería al sentido y necesidad, tanto natural como histórica, de estados independientes y pueblos y naciones diferentes. Por ello las concepciones socialistas y otras aspiraciones internacionalistas no ejercieron nunca influencia sobre mí[3].

Ella critica la complexión obtusa del Materialismo y del Positivismo en la ciencia moderna, que impide el vuelo de la inteligencia:

Por lo demás, a mi modo de ver, religión e historia se aproximan cada vez más, y me parece que los cronistas medievales, que fijaron la historia del mundo entre el pecado original y el juicio final, eran más sagaces que los modernos especialistas, para quienes, a partir de hechos científicamente comprobados, se ha perdido el sentido de la historia[4].

Stein rechazaba la postura positivista respecto a la exagerada valoración de la técnica y la ciencia como medida de la verdad absoluta, ya que para ella era más importante la trascendencia de los hechos, como influencia en la psicología de los pueblos que viven de la idealización de los mismos, y que representan el orgullo de una nación. Todavía faltaban cuatro años para su bautismo y hablando como judía, no tenía una visión parcializada o nacionalista de la historia: ¡qué rectitud de espíritu!

El pensamiento moderno degradó lo externo de la naturaleza humana, sobrevalorando la acumulación de la riqueza y el poder del conocimiento, sin importar la incompatibilidad con las normas de conducta moral, rompiendo así el concepto de solidaridad y moderación que había imperado en las comunidades medievales. La sociedad moderna capitalista y comunista requería de un contexto que les permitiese imponer su sistema de explotación de la naturaleza y del mismo hombre, bajo el pretexto del desarrollo industrial y social.

Edith Stein, con una inteligencia intuitiva, veía en esta forma de pensamiento una mutilación de la integridad del ser humano, a quien ella entendía como un compuesto de cuerpo y espíritu que debía ser asumido en su totalidad.

La doctrina positivista no daba cabida a otras dimensiones humanas que no tuvieran qué ver con la realidad física y trascendente, propiciando así una autodestrucción ontológica de la humanidad.

La filósofa carmelita, a través de su ejemplo y su pensamiento, reclama que el ejercicio de la libertad no puede ser entendido sino bajo los parámetros de una responsabilidad tanto individual como colectiva, y no sólo para el presente sino para el futuro, teniendo en cuenta que la incertidumbre es uno de los legados más nefastos que se le heredan a las próximas generaciones.

CUBIDES UMBA, Diego. La metafísica como sabiduría en el alma cristiana de Edith Stein. Universidad Pontificia Bolivariana - Escuela de Teología, Filosofía y Humanidades. Licenciatura Canónica en Filosofía. Medellín, 2009. p. 25-28.


[1] STEIN, Op. Cit., p. 591. Carta dirigida Roman Ingarden, el 6 de julio de 1917.

[2] Ibid., p. 302.

* Charles R. Darwin (1809-1882). Autor de la teoría revaluada del evolucionismo. El nacionalismo darwinista propondría una nación formada por gentes de una única raza.

[3] Ibid., p. 302.

[4] Ibid., p. 603. Carta dirigida a Roman Ingarden, el 12 de febrero de 1918.




EXTRAIDO DO :


http://presbiteros.blog.arautos.org/2009/11/23/edith-stein-y-su-vision-de-la-filosofia-de-la-historia/




terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FELICITAÇÕES!!!

NÓS QUE FAZEMOS PARTE DO GT EDITH STEIN QUEREMOS PARABENIZAR NOSSO MEMBRO O RAMIREZ SILVA ARAUJO PELA APRESENTAÇÃO E APROVAÇÃO NESTA MANHÃ DO DIA 30/11/2009 DE SEU TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CUJO O TITULO É:

"O SOFRIMENTO HUMANO A LUZ DA OBRA 'CIÊNCIA DA CRUZ' DE EDITH STEIN"















"A ciência da cruz não se pode adquirir sem que ela nos pese realmente sobre os ombros. Desde o primeiro instante eu estava convencida, e a mim mesma me dizia: Ave crux, spes unica!".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CELEBRAÇÃO DO 4º ANO DO GT EDITH STEIN

CELEBRE CONOSCO ESTE DIA DE FESTA DEIXE SEU COMENTÁRIO NO NOSSO BLOG E FAÇA PARTE DE NOSSA HISTÓRIA.

JUNTOS POSSAMOS CANTAR:

PARABÉNS PRA VOCÊ NESTA DATA QUERIDA MUITAS FELICIDADES MUITOS ANOS DE VIDA...

AGUARDAMOS SEU COMENTÁRIO

CELEBRAÇÃO DO 4º ANIVERSÁRIO DO GRUPO DE ESTUDO EDITH STEIN.

HÁ 4 ANOS NESTA DATA DIA 24/11/2005 NA CIDADE DE QUIXADÁ - CE DAVA-SE O PRIMEIRO ENCONTRO DO GRUPO DE ESTUDO EDITH STEIN, O QUE NOS UNIA ERA A ADMIRAÇÃO PELA QUERIDA FILOSOFA EDITH STEIN. DURANTES ESTES ANOS MUITOS DESÁFIOS QUE NOS FEZERAM PERCEBER QUE AQUELE ENCONTRO NA VERDADE ERA UM EMBRIÃO DE ALGO QUE AINDA NÃO CONTEMPLAMOS COM TODA SUA POTÊNCIA.

HOJE É DIA DE REDERMOS NOSSA GRATIDÃO A TODOS OS NOSSOS COLABORADORES DIRETOS E INDIRETOS, A TODOS QUE ACREDITARAM E ACREDITAM NOS NOSSOS ESFORÇOS. NÃO PODEMOS ESQUERCER DOS NOSSOS SEGUIDORES, OS BLOGUEIROS QUE NOS ALEGRAM COM SUAS VISITAS, COMENTÁRIOS, SUGESTÕES ETC. HOJE NÓS JÁ PASSAMOS DE 3615 ACESSOS E QUEREMOS CRESCER AINDA MAIS.

NOSSO AGRADECIMENTO ESPECIAL A Profª. Drª Ir. JACINTA TUROLO GARCIA, QUE DE BOM GRADO TORNOU-SE NOSSA COLABORADORA INTERNACIONAL E NÃO SÓ ISSO NOS LANÇOU NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL, NOSSOS SINCEROS AGRADECIMENTOS.

POR FIM QUEREMOS IR MAIS ADIANTE NOS LANÇARMOS NESTE MAR PROFUNDO QUE É O PENSAMENTO STENIANO E QUIÇÁ TORNAR NOSSO SONHO UMA REALIDADE QUE É A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA STEINIANA.


Momento de descontração


Momento de pesquisa

Celebrando a amizade








segunda-feira, 23 de novembro de 2009

HOMENAGEM PELA PASSAGEM DOS 4 ANOS DO GT EDITH STEIN






Edith Stein.


(Ramirez Silva)


Caminhando no mundo,

Em busca da verdade,

O mundo é minha consciência:

Epoché, intencionalidade.


Talvez Deus possa existir

Sou eu que não percebo.

Vou buscar dentro de mim

Fenomenologia: o conceito.


Avez Crux, spes única:

A verdade eu encontrei.

A razão e fé caminham juntas

Dos judeus, Jesus é rei.


Filosofia cristã

Nos prepara para fé.

A noite vai adiantada,

Em busca daquele que é.


Na alma feminina,

A primazia da formação.

Cada pessoa é única,

Riqueza sem comparação.


Avez Crux, spes única:

A verdade eu encontrei.

A razão e fé caminham juntas.

Dos judeus, Jesus é rei.


A verdade e Deus,

Uma única direção.

Quem busca a verdade

Busca a Deus saiba ou não.


Na ciência da cruz

Uma resposta universal:

Os sofrimentos da vida

Com amor destroem o mal.